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Mundo Discussão na Casa Branca provoca crise com impactos além da Europa, avaliam especialistas

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Hostilidade de Trump (D) ao presidente da Ucrânia reverbera até na Otan. (Foto: EBC)

A crise instaurada pelo bate-boca entre os presidentes dos Estados Unidos e da Ucrânia, na Casa Branca, não preocupa apenas a Europa. Há consequências para todo o planeta, avaliam analistas políticos internacionais.

Na sexta-feira passada (28), Donald Trump e seu vice J. D. Vance mostraram, em alto e bom som, que a diplomacia da maior potência econômica e militar é norteada, mais do que nunca, a lei do mais forte. Volodymyr Zelensky que o diga.

A discussão chocou pelo tratamento dado a um chefe de Estado aliado e invadido pela Rússia, inimigo histórico dos Estados Unidos. Foi uma quebra de protocolo inédita, de acordo com o professor de relações internacionais, Vitelio Brustolin:

“Nunca houve um embate público transmitido ao vivo pela imprensa entre chefes de Estado. Tudo isso é inédito tanto na história das relações internacionais quanto na própria história norte-americana”.

O professor Leonardo Trevisan avalia que Trump mandou um recado para a Europa quando pressionou Zelensky a assinar o documento que permitiria a exploração de minerais raros em território ucraniano e disse: “Ou vocês fazem um acordo ou estamos fora”.

A expressão ‘nós estamos fora’ tem um amplo espectro e alcança, principalmente, a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte], que tem um princípio básico: quando um país-membro do grupo é atacado, todos os outros são. Os Estados Unidos estão avisando a Europa, portanto, que essa era acabou.

Principal beneficiada nesse cenário, a Rússia se fortalece. “Os europeus veem as ações de Trump como favorecendo Putin nesse momento. Ou seja, criando condições para uma nova ocupação de território na Ucrânia. E não acreditam que a guerra acabaria na Ucrânia”, pondera Brustolin.

Ele acrescenta: “A forma como Trump vê a paz na Ucrânia não é a forma como os europeus veem. Trump acredita que a paz precisa ser feita a qualquer preço. Mas a paz a qualquer preço leva a outras guerras.”

Bom para a China

Os dois professores concordam que a guinada nas relações internacionais torna os Estados Unidos um parceiro menos confiável e que isso poderia favorecer a China. Mas, para eles, Trump usa a aproximação com o presidente russo Vladimir Putin e as tarifas comerciais impostas a países aliados como armas de negociação e intimidação.

“Putin serve perfeitamente aos interesses do Trump de assustar a Europa. Vamos usar uma expressão bem brasileira: de manter a Europa na coleira. A Europa não vai fazer negócio com a China, mesmo se isso for muito valioso para ela, mesmo se for o melhor negócio”, destaca Leonardo Trevisan.

A conclusão é de que a mudança na diplomacia americana, focada nos próprios interesses, enfraquece os organismos internacionais e ameaça a segurança global.

“Não é uma nova forma de diplomacia. É uma diplomacia do século 19, a diplomacia dos mais fortes, a diplomacia pré-organizações internacionais para prevenção das guerras. Toda essa instabilidade pode gerar, sim, uma corrida armamentista e o aumento da insegurança global”, conclui Brustolin. (com informações de O Globo)

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