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Disparada do dólar afeta inflação no Brasil

Mudança do patamar de câmbio adia a volta da inflação para o centro da meta para depois de 2017 e frustra a expectativa do Banco Central. (Foto: AFP)

A disparada do dólar, que superou na semana passada a marca de 4 reais, adia a volta da inflação para o centro da meta de 4,5% para depois de 2017. Além disso, aumenta a pressão sobre o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2016, que corre o risco de superar o teto da meta de 6,5%.
Para este ano, o impacto do dólar começa a aparecer nos preços do atacado, sobretudo nas matérias-primas. No entanto, o repasse ao consumidor deve ser gradual e atenuado pela recessão. “Se o câmbio continuar no patamar de 4 reais, a perspectiva de inflação para o ano que vem estará mais comprometida”, afirma Heron do Carmo, professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo.

Como a economia real trabalha com uma certa defasagem, o efeito da alta do câmbio nos custos deve aparecer mais para frente. Caso o dólar continue pressionado, será necessário reajustar a gasolina. Esses fatores explicam, segundo Heron, porque o efeito do dólar sobre os preços no varejo será mais intenso em 2016, apesar de ser esperada a desaceleração do IPCA por causa da perda de fôlego dos preços dos serviços e das tarifas. Para este ano, o professor acredita que o resultado da inflação, da ordem de 9,5%, dependerá mais do comportamento dos alimentos.

Inflação

Salomão Quadros, superintendente adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia, observa que o impacto do câmbio já pode ser notado na variação nos preços de materiais para manufatura no atacado. Apesar de o Banco Central reafirmar que pretende trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% no fim de 2016, levando em conta que a recessão será forte para brecar os repasses, é consenso entre os economistas que esse resultado será muito difícil. (AE)

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