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Disparada do dólar e do juro ameaça os negócios no Brasil, alertam analistas

A piora das condições econômicas no Brasil como consequência da desvalorização do real e da elevação dos juros ameaça negócios das empresas. (Foto: EBC)

A piora das condições econômicas no Brasil como consequência da desvalorização do real e da elevação dos juros ameaça negócios das empresas, diz a agência de classificação de risco Fitch Ratings. A avaliação sobre o cenário local está contida em relatório sobre as perspectivas para as companhias na América Latina em 2025 divulgado na última segunda-feira.

A Fitch alerta para eventuais impactos da recente piora das condições do mercado no Brasil, com o dólar em disparada e os juros em ciclo de alta. Sem intervenção do Banco Central (BC), o dólar fechou em R$ 6,1851 na segunda-feira, alta de 1,86%. Na sexta-feira, o BC havia injetado US$ 7 bilhões no mercado e, assim, conseguido levar a moeda americana a fechar em queda de 0,84%, a R$ 6,0721. Na segunda, dia sem a realização de leilões, a cotação voltou a disparar.

Como efeito do real desvalorizado e do crédito caro – a taxa básica de juro, a Selic, já está em 12,25%, e há mais duas altas de 1 ponto porcentual previstas –, a agência de rating (classificação de risco de crédito) prevê uma desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. De crescimento esperado de 3,1% em 2024, a previsão passa a ser de 2% em 2025. “A recente desvalorização do real poderia exacerbar as pressões inflacionárias, com o Banco Central continuando a aumentar as taxas de juros”, diz a Fitch.

No geral, a agência avalia que as companhias da América Latina fizeram bom gerenciamento das finanças e dos passivos nos últimos anos. Por isso, estão mais bem preparadas para eventuais medidas de Donald Trump, como a adoção de tarifas mais altas a países que exportam para os EUA. Assim, diz a Fitch, fica limitado o risco de piora nas companhias por conta da expectativa de menor crescimento do PIB da região e da economia mundial.

Na gestão das finanças, as empresas conseguiram prorrogar prazos das dívidas e administrar passivos. Em títulos de dívidas emitidos no exterior (bonds), as empresas do Brasil têm apenas US$ 2 bilhões a vencer em 2025. Além disso, a Fitch observa que a liquidez das companhias está adequada e os programas de investimento devem se estabilizar.

Os analistas da Fitch não descartam que o endividamento de empresas estimule fusões e aquisições na América Latina, em setores como aéreo, imobiliário, petróleo e gás e materiais. Entre as possibilidades, o texto cita a já pública negociação entre Azul e Gol.

Ainda nos pontos a se observar em 2025, a Fitch cita o anúncio de Trump de elevar tarifas no comércio exterior. O impacto maior na região deve ser em empresas do México, diz o relatório. Por conta disso, a agência já reduziu a previsão de expansão do PIB mexicano nos próximos dois anos, para 1,1% em 2025 e 1,7% em 2026. (Estadão Conteúdo)

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