A diferença de votos entre os candidatos à Presidência no segundo turno das eleições de 2022 foi a menor da história. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito com 60 milhões de votos (50,90%), enquanto Jair Bolsonaro (PL) recebeu 58 milhões de votos (49,10%). A diferença entre eles, com 99,99% das urnas apuradas, foi de menos de dois pontos percentuais (pouco mais de 2 milhões de votos).
Lula passou para o segundo turno com 57,2 milhões de votos (48,43%) no último dia 2 de outubro, contra 51 milhões (43,20%) de Bolsonaro, uma distância de pouco mais de seis milhões (5,23 pontos percentuais). De um turno para o outro, o petista ganhou cerca de 3 milhões de votos, e o atual mandatário, cerca de 7 milhões.
Em 2018, quando Bolsonaro enfrentou e venceu, no segundo turno, o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, a diferença foi de cerca de 10 pontos percentuais. Naquele ano, a candidatura de Lula, que estava preso, foi barrada pela Justiça eleitoral.
Enquanto Bolsonaro foi eleito com 57.797.847 votos (55,13%) no segundo turno, Haddad teve 47.040.906 votos (44,87%).
Em apenas uma das seis eleições que chegaram ao segundo turno, o segundo colocado não ganhou mais votos do que o líder da corrida no intervalo entre as votações. Alckmin, em 2006, perdeu mais de dois milhões de votos. Nas outras cinco vezes, os candidatos que ficaram em segundo lugar conquistaram mais votos que o adversário na última fase da campanha.
Histórico
A primeira eleição presidencial pós-redemocratização foi disputada em 1989. No primeiro turno daquele pleito, Fernando Collor (no então PRN, atual Agir) obteve 22,6 milhões de votos (32,4%), contra 11,6 milhões (16,6%) de Lula.
O candidato do PRN, contudo, viu sua vantagem para Lula diminuir durante os 32 dias que separaram os turnos. Na votação decisiva, Lula alcançou 31 milhões de votos. Collor teve 35 milhões. O candidato do PRN foi conduzido ao cargo por 53,03% a 46,97% ― uma diferença de seis pontos percentuais.
As únicas eleições que foram definidas em primeiro turno foram as de 1994 e 1998, ambas vencidas por Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Nas duas vezes em que foi eleito em 2002 e em 2006, Lula venceu o segundo turno com vantagem de mais de 20 pontos percentuais sobre seus adversários — José Serra (PSDB) e Geraldo Alckmin (então no PSDB), respectivamente.
Até então, a eleição mais acirrada da história brasileira havia sido a de 2014. O primeiro turno, no entanto, não indicava uma distância tão estreita entre os postulantes. A candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) recebeu 43,2 milhões de votos (41,5%), e Aécio Neves (PSDB), 34,8 milhões (33,5%).
Aécio alcançou 51 milhões de votos (48,43%) no segundo turno; Dilma Rousseff ficou com 54,5 milhões (51,64%) ― diferença de 3,21 pontos percentuais entre eles. O tucano aparecia à frente durante a maior parte da apuração e só ficou atrás quando o processo atingiu 88,9% dos votos.
Dilma Rousseff, em 2010, e Jair Bolsonaro, em 2018, acumularam mais de dez pontos percentuais de vantagem sobre José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT), respectivamente.