Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 4 de agosto de 2017
As delações da Odebrecht ainda estavam em negociação quando a PGR (Procuradoria Geral da República ) decidiu que a PF (Polícia Federal) não participaria das tratativas. Desde então, no que diz respeito ao acordo da maior empreiteira do Brasil, piorou a relação entre os dois órgãos essenciais da Operação Lava Jato.
Um importante delegado que atuou na Lava Jato explicou porque considera um erro do Ministério Público Federal a exclusão da Polícia Federal das negociações. Segundo ele, a PF já tinha conhecimento da maioria dos crimes cometidos pela empreiteira e poderia ajudar na busca pelas informações.
“Sou contra a arrogância de querer fazer algo sozinho sobre o qual não tem domínio completo”, afirmou o investigador, dizendo que agora os procuradores pagarão sozinhos o “preço dos erros”.
Internamente, policiais federais explicam que o mais importante erro da delação da Odebrecht são aquilo que definem como “inúmeras contradições” e “mudanças de versões” dos mais de 70 delatores da empresa nos seus depoimentos.
“Nunca vi utilidade nesse acordo da Odebrecht. O tempo vai dizer quem tem a razão”, diz outro policial com profundo conhecimento das investigações. Na avaliação dele, as apurações seguiriam até sem a necessidade da delação.
A força-tarefa de Curitiba trabalhou com a PF em alguns acordos, mas a proibição da participação da PF nas negociações, segundo informam investigadores, aconteceu em relação aos acordos que tinham que passar pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Em mais de uma ocasião, a colaboração da Odebrecht aumentou – e muito – o escopo da Lava Jato, e o acordo faz, sim, jus ao apelido de “fim do mundo”.
A pergunta agora é como essas críticas da PF, seja às supostas contradições, seja a outros eventuais problemas identificados, serão avaliadas pelos juízes dos processos, quando citadas nos autos no Supremo Tribunal Federal ou na primeira instância.
No MPF, a avaliação é de que as críticas são prejudiciais, mas surgem como antecipações de posicionamentos que podem não se confirmar.
“É possível, por exemplo, que um caso venha a se desenvolver com mais provas adquiridas depois. Mas a PF já antecipou uma posição contrária que não é real”, explica um procurador. (AG)