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Disputas e suspeitas na crise da Casa da Moeda do Brasil

Segundo Banco Central, no ano passado R$ 1,45 bilhão foi devolvido no ano passado. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Em crise financeira e administrativa, a Casa da Moeda se tornou alvo de disputa interna no governo federal. Integrantes da ala militar entendem que a empresa passa por um processo de sucateamento e, após Jair Bolsonaro ter recuado na intenção de privatizá-la, como planejava a equipe econômica, querem assumir o controle da estatal. Um novo problema surgiu: uma das principais entidades de combate à falsificação protocolou pedidos de investigação no MPF e na PF sobre a cessão a terceiros de papel e tinta usados para confeccionar cédulas.

Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), a remessa de “amostra grátis de tinta offset seco e tinta offset úmido (usadas para a fabricação das novas notas de R$ 200) e papel fiduciário, originada na Casa da Moeda do Brasil, foi destinada à Seller Ink Indústria e Comércio de Tintas e Vernizes Ltda”.

Para a entidade, a remessa pode abrir caminho para concorrência desleal ou até para o abastecimento de um mercado secundário de falsificação. Procurada, a PF confirmou o recebimento e se limitou a informar que está checando as informações da entidade.

Em nota, a Casa da Moeda confirmou a remessa para um outro “fornecedor credenciado” (a Seller Ink) para testes, mas disse que a quantidade de material enviado não é suficiente para produzir “nem uma cédula”.

A remessa foi necessária, diz a Casa da Moeda, porque as tintas de outro fornecedor apresentaram resultado insatisfatório, causando atrasos de produção, o que poderia colocar em risco o compromisso assumido com o BC.

Estimativas para a economia

O Morgan Stanley elevou as projeções para o desempenho da economia brasileira em 2020 e 2021, avaliando que tanto consumidores como empresários estão em melhor situação para contribuírem para a retomada, em meio a uma política monetária estimulativa. O banco norte-americano passou a ver contração de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, ante queda de 5,1% da estimativa anterior.

Para o ano que vem, o prognóstico é de expansão de 3,6%, frente a 3,2% antes. Os cenários do Morgan Stanley são mais otimistas que os apontados pela pesquisa Focus do Banco Central. Na mais recente edição do documento, o mercado previa retração de 5,05% do PIB em 2020 e crescimento de 3,50% em 2021.

Analistas do banco norte-americano comunicaram a mudança de estimativas em relatório no qual fizeram comparações com as perspectivas para o México —e concluíram que a economia brasileira está “bem à frente” do rival latino-americano na corrida para sair do fundo do poço.

“E esperamos que esse continue sendo o caso nos próximos meses, com base nos tamanhos relativos dos pacotes de estímulo fiscal, melhora no sentimento e menor consequência dos impactos iniciais causados pela Covid-19”, disseram analistas do Morgan Stanley no relatório. “Acreditamos que o fator mais relevante para se observar a partir de agora é a dinâmica do mercado de trabalho e a migração de renda emergencial para renda via emprego (o que pode golpear a recuperação)”, completaram.

Os analistas do Morgan Stanley, contudo, fizeram ponderações sobre a questão fiscal. Eles estimam que possa haver uma “limitada (em tamanho e tempo) derrapada fiscal” no Brasil, mas não um “descarrilamento total” do teto de gastos, com expectativa de que uma flexibilização “temporária” nesse mecanismo possa vir acompanhada de algum progresso “parcial” na agenda de reformas que mire resolver barreiras ao crescimento de longo prazo.

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