O apoio a Jair Bolsonaro, anunciado ontem por Luis Carlos Heinze, é ato de retaliação contra Ana Amélia Lemos. Não é, porém, uma surpresa. O desentendimento vem desde fevereiro deste ano, quando a senadora lançou a pré-candidatura de Antonio Weck ao governo do Estado, em contraposição a Heinze.
Na pré-convenção do Progressistas (ex-PP), a 24 de março, Heinze obteve 1 mil e 123 votos dos delegados e Weck não passou de 263.
Virada
O distanciamento chegou ao auge a 3 de agosto, quando Ana Amélia aceitou ser vice na chapa de Geraldo Alckmin. O acordo em Brasília incluiu a retirada da candidatura de Heinze ao governo do Estado e a troca por Eduardo Leite. Na convenção do Progressistas, a 4 de agosto, Heinze não escondeu o descontentamento ao ser indicado para concorrer ao Senado. A insatisfação se estendeu à parcela do auditório lotado da Assembléia Legislativa.
Do outro lado
O episódio seguinte ocorreu a 27 de julho, quando Heinze compareceu à convenção do DEM na Câmara Municipal de Porto Alegre. Manifestou de forma clara o apoio a Bolsonaro. Passaram-se 47 dias e a direção do Progressistas não conseguiu convencê-lo a voltar atrás.
Panos quentes
Ontem, após a declaração de Heinze, o presidente estadual do Progressistas, Celso Bernardi, pôs em prática a veia diplomática. Emitiu uma nota, enfatizando num trecho: “Mesmo que não correspondam à nossa vontade, as posições individuais devem ser respeitadas. Lembro que há um fato importante, que nos fazem iguais: somos do mesmo partido e por isso, saberemos exercitar o diálogo respeitoso.”
Gesto de aceitação
A posição do diretório significa que Heinze não sofrerá nenhum revide. Até porque Jair Soares está a seu lado. A gestão do ex-governador do Estado é apontada como exemplo e referência em todos os eventos do partido. Entre outras lideranças, o deputado estadual Sérgio Turra alinhou-se com Heinze.
Haverá comício
A agenda de Fernando Haddad prevê vinda a Porto Alegre no final de semana, tendo ao lado Manuela D’Ávila.
Perda do presente e do futuro
Relatório do Ministério da Educação mostra que 52 por cento da população adulta brasileira, entre 24 e 34 anos de idade, não completaram o ensino médio. Exemplo de anomalia no país que oferece ensino gratuito desde o nível fundamental ao universitário.
Precisa-se acrescentar: como resultado da mudança tecnológica, o valor dado às habilidades avançadas é muito mais alto, enquanto empregos menos qualificados estão sendo eliminados do mercado.
Sem pressa
Na sessão da Câmara Municipal de Porto Alegre, ontem à tarde, faltou o número mínimo de 19 vereadores para começar o debate sobre projeto de aumento do IPTU. A ausência no plenário evidencia que a maioria, contrária ao projeto, pretende chegar até o dia 30 deste mês sem votar. A vigência dos novos valores, a partir de 1º de janeiro de 2019, exige aprovação até 90 dias antes de 31 de dezembro. O prazo vai se esgotar no dia 30 deste mês.
Observação exata
A colunista Sandra Starling, no jornal O Tempo, de Belo Horizonte, fez a mais precisa observação do dia de ontem: “Seria irônico, se não fosse trágico, que um candidato que porta o nome de “Messias” na certidão de nascimento tenha sido esfaqueado por alguém que diz ter agido “a mando de Deus”.
Esforço desnecessário
Senadores cobram instalação da CPI dos Planos de Saúde. Não precisam perder tempo e dinheiro público com viagens e hospedagens pelo país. Como a lista do que lesam os clientes é bastante conhecida, basta que um grupo vá direto à primeira Delegacia de Polícia que encontrarem. O resultado do registro seria imediato.
Há sempre o pingo de esperança
Na reta final da campanha eleitoral, alguns otimistas costumam repetir: “Vai de pior para melhor.”