Sábado, 04 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de abril de 2021
O tempo para alcançar conversas fundamentais sobre o futuro do Mercosul está se esgotando. Esse foi o recado dado pelos governos do Brasil e do Uruguai em uma reunião virtual de ministros da Economia e Relações Exteriores, na última segunda-feira (26). O encontro evidenciou as profundas divergências entre os governos Jair Bolsonaro e Alberto Fernández, da Argentina, com direito a um debate acadêmico entre os ministros da Economia dos dois países.
Paulo Guedes e Martin Guzmán, sobre a eficácia ou não da “mão invisível” dos mercados. Sem alcançarem um acordo sobre a flexibilização das regras do bloco, foi marcado um novo encontro em 30 dias, no qual Brasil e Uruguai pressionarão por uma definição.
Para os governos de Bolsonaro e Luís Lacalle Pou, modernizar o Mercosul é a única saída possível para a crise em que se encontra mergulhado o bloco que, acaba de completar 30 anos. Não se trata de algo de que possam abrir mão, já que os dois se comprometeram em suas campanhas eleitorais com uma agenda ambiciosa de aberturas econômicas.
No caso de Bolsonaro, essa promessa foi feita quando a Argentina era governada por Mauricio Macri (2015-2019), presidente que estava totalmente alinhado com a visão de Guedes sobre o Mercosul. A eleição de Fernández, em novembro de 2019, interrompeu um processo de abertura ao mundo que, agora, o Brasil de Bolsonaro pretende retomar, com ou sem a Argentina.
Momentos de tensão
Brasil e Uruguai defendem a reforma da Tarifa Externa Comum (TEC, que taxa produtos de fora do bloco) e a flexibilização da Resolução 3200 que exige consenso entre os quatro sócios para negociações com outros países ou blocos. O Brasil propôs — com apoio do Uruguai — uma redução linear já da TEC de 10% e outro corte de 30% no fim do ano.
Já a Argentina pretende fazer modificações na TEC de alguns produtos, protegendo outros considerados sensíveis. Frente ao pedido de eliminar a regra de consenso obrigatório para negociar acordos comerciais fora do bloco. Argentina e Paraguai resistem.
“Durante a reunião, ressaltou-se a importância de um Mercosul moderno e mais flexível, capaz de acomodar as distintas visões dos sócios”, afirmou o secretário de Comércio Exterior do governo brasileiro, Lucas Ferraz.
Para o funcionário do Ministério da Economia, “a obrigação de negociar em bloco claramente atrasou a nossa dinâmica negociadora, contribuindo, ainda mais, para o nosso isolamento comercial”.