Quarta-feira, 13 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 12 de outubro de 2022
Diatomáceas marinhas, encontradas na Antártica, muito parecidas com as antigas amostras do estudo.
Foto: Stony Brook University/DivulgaçãoCientistas encontraram fragmentos de DNA de 1 milhão de anos atrás logo acima da Antártida, no Mar de Scotia, no Extremo sul da Argentina. O material orgânico, comunicam, é de valor inestimável para esforços de investigação da região, e ajudará a mapear as formas de vida que já estiveram no oceano e quando habitaram o planeta.
Tecnicamente, o que foi encontrado é chamado de sedaDNA – sigla DNA sedimentar antigo –, que pode ser encontrado em uma série de ambientes por todo o globo. Entre eles, estão cavernas terrestres e permafrost ártico submarino: nestes locais já foi encontrado DNA de 400 mil e 650 mil milhões de anos atrás, respectivamente.
Ecossistema
A amostra do Mar de Scotia é, de longe, a mais antiga já encontrada, e pode nos dar um melhor entendimento sobre o efeito das mudanças climáticas no local. Alguns fatores ambientes auxiliaram na preservação do sedaDNA, como as baixas temperaturas, a falta de radiação ultravioleta e a raridade do oxigênio.
Ele foi coletado no solo oceânico em 2019, e desde então passou por um longo processo de descontaminação, que visava evitar a detecção de DNA mais recente e aumentar a precisão da análise sobre sua idade. Entre alguns dos materiais, foram encontradas diatomáceas, organismos unicelulares de 540 mil anos atrás, mostrando como essa região do mundo evoluiu ao longo das eras.
Com isso, foi possível localizar uma abundância maior de diatomáceas em períodos mais quentes, o que, no Mar de Scotia, foi há cerca de 14.500 anos. Toda a atividade marinha na região Antártida aumentou por conta disso. A mudança, segundo os cientistas, está ligada ao aumento rápido do nível do mar e perdas massivas de gelo antártico por conta de aquecimento natural do planeta.
O estudo provou que técnicas utilizando sedaDNA podem ajudar na reconstrução de ecossistemas por períodos de milhares de anos, providenciando dados importantíssimos para entendermos como ocorreram as mudanças nos oceanos e seus habitats. Cientistas vêm trabalhando em melhorias nas técnicas de coleta de sedaDNA do solo e remoção de ruído, o que permite olharmos cada vez mais para trás no passado.
Segundo os pesquisadores, entender melhor as mudanças climáticas de outrora e como o ecossistema oceânico mudou por conta disso nos dá ferramentas mais precisas para prever acontecimentos futuros nos arredores do Polo Sul. Segundo eles, a Antártida é uma das regiões mais vulneráveis ao clima no mundo, e entender mudanças passadas e presentes no local em relação às mudanças climáticas é nada menos do que urgente.