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Mundo Do aperto de mãos a uma escalada de tensão sem precedentes: como a relação das duas Coreias se deteriora a cada dia

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Em 2018, Moon Jae-in e Kim Jong-un deram as mãos durante acordo na zona que separa os dois países. (Foto: Korea Summit Press Pool)

Satélite espião, rompimento de acordo de não agressão, testes com mísseis balísticos internacionais, lançamento de foguetes em área de fronteira, muitas ameaças. As duas Coreias vivem uma escalada de tensões sem precedentes na última década. A Coreia do Sul chegou a ordenar a evacuação em duas ilhas no norte do país por conta de uma do lançamento de projéteis pela Coreia do Norte, o primeiro em mais de cinco anos, em direção a águas de fronteira.

O fator chave para explicar a escalada nas tensões é a revogação, em novembro, pela Coreia do Norte, de um pacto de não agressão que os dois países mantinham desde 2018. O acordo de paz, anunciado pelos dois então líderes de mãos dadas, previa medidas como a proibição de testes com armas de fogo ou lançamento de satélites de espionagem – e até diálogo para o lançamento de uma candidatura olímpica em comum.

Foi um curto período de reconciliação inédito desde o fim da guerra entre os dois países, que terminou em 1953 sem vencedores e com as duas Coreias divididas —a do Norte, comunista; a do Sul, capitalista.

Os dois países, que por séculos formaram uma única nação, ainda estão tecnicamente em guerra. Isso porque um tratado de paz jamais foi assinado, mais de 70 anos depois do fim do conflito.

Risco de revogação

O acordo de não agressão de 2018 foi abandonado no fim do ano passado pelas duas partes, e corre o risco de ser formalmente revogado.

As relações começaram a piorar na carona do cenário geopolítico redefinido após guerra na Ucrânia. Na briga por mais influência na Ásia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, firmou uma parceria com a Coreia do Sul e o Japão durante viagem ao continente em 2022.

Desde então, tropas dos Estados Unidos têm realizado manobras militares em conjunto com o Exército da Coreia do Sul, o que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, chama de provocação.

Em resposta, Pyongyang realizou em 2022 e 2023 dezenas de testes com mísseis, recorde na sua história. O movimento aumentou também a frequência dos exercícios dos EUA e Coreia do Sul, em um ciclo de retaliações que durou todo o ano de 2023.

Em novembro do ano passado, a Coreia do Norte anunciou ter colocado em órbita seu primeiro satélite espião militar, rompendo, automaticamente, uma das normas do acordo.

Em resposta, a Coreia do Sul decidiu se retirar do pacto. Seul também retomou a vigilância aérea da linha de frente da fronteira entre os dois países, também proibida no pacto de 2018. Como reação, o país vizinho afirmou que não cumpriria mais o acordo de 2018 e voltaria a instalar armas na fronteira.

Irritada, a Coreia do Norte anunciou então o fim total do acordo. E, em 1º de janeiro, Kim Jong-un ordenou que seu Exército se prepare para uma possível guerra.

Na semana passada, Kim Jong-un afirmou que Pyongyang estava mudando fundamentalmente sua política em relação à Coreia do Sul, que agora é vista como um Estado inimigo.

Aliados

Na carona dos embates entre as duas Coreias, potências rivais como Estados Unidos e Rússia e China tem entrado no conflito, acirrando ainda mais as tensões.

Em contraste com a parceria militar entre EUA e Coreia do Sul, China, Rússia e Coreia do Norte têm expressado apoio mútuo constante.

No ano passado, Kim Jong-un, que quase não sai de seu país, foi à Rússia e anunciou apoio à “luta sagrada” da Rússia na Ucrânia.

Nos últimos dias, os Estados Unidos acusaram a Rússia de ter usado mísseis fornecidos pela Coreia do Norte para atacar a Ucrânia e afirmaram que Pyongyang está dando cada vez mais apoio para a invasão russa ao país vizinho.

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