No dia 13 de junho, às 19h, na Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, vai ser lançado o vídeo documentário “Antes que a casa caia”, do jornalista e mestre em Comunicação Luis Henrique Silveira.
A ideia de fazer o documentário surgiu em um grupo de whatsapp, de ex-moradores da Casa Estudantil Universitária de Porto Alegre (Ceupa). Luis começou a fazer curso de audiovisual e teve a ideia de produzi-lo. A concepção começou em outubro, com a escrita do projeto e as gravações em novembro de 2021.
Luis conta que ficou muito surpreso com os depoimentos, com o sentimento e amor que as pessoas têm pela Casa. Ele sempre quis fazer um doc sobre a relação democrática interna da Ceupa. “Teve muito mais do que eu imaginava. De como foi importante a Casa para todos. Também chamou a atenção do tempo longo que as pessoas passaram longe da instituição”, diz ele.
Sobre a importância de ter morado na Ceupa, Luis diz que a Casa mudou a sua vida completamente. O jornalista morou na Ceupa de 1985 a 1988. “Eu era uma pessoa negra que morava em uma vila de Porto Alegre. Não tinha uma visão e dimensão maior sobre as coisas. Não tinha ideia da existência da burguesia, não sabia como era uma universidade”, revela.
Começou a fazer assessoria de imprensa para a Ceupa. Foi na Zero Hora, conseguiu colocar nota no Correio do Povo também. Fazia serigrafia, cartazes, jornal mural, com contos e poesias, entre outras coisas. Sugeriu fazer um jornal impresso, distribuído para as pessoas da Casa. Nessa época ainda estudava farmácia. Datilografavam as matérias e notinhas. Montavam o jornal. Luis conta que chegou a ficar dois dias e duas noites montando o jornal, chamado Saconzinho.
“Era uma época de ebulição de várias efervescências sociais, de reforma agrária, constituinte, plano cruzado, essas questões todas eram abordadas no Saconzinho”, explica Luis.
Ele, como vários outros moradores, casou-se com uma ceupana. Começaram a namorar na Casa 1. Foi o primeiro amor da sua vida e à primeira vista, da sua parte.
Diferenças e semelhanças
Algumas diferenças que percebeu entre o tempo que morou e agora, durante as gravações e os relatos dos ex-moradores. Hoje tem garagem para as bicicletas. Outra diferença é a decadência da Casa 1, que era bem mais conservada. O mural continua nas três casas. O nome da instituição mudou, Luis acha um avanço nesse sentido. Antes chamava-se Centro Evangélico Universitário de Porto Alegre.
A organização continua mais ou menos a mesma. Não mudou muita coisa. O salão social virou cômodo, pensa que deveria continuar.
A Casa se fechou, era extremamente aberta, porque a conjuntura era diferente. Os portões eram baixos, a Casa era quase aberta. Não tinha roubos e assaltos. Não existiam trancas nos armários, banheiros, quartos…
Conforme a ex-moradora Roslene Pergher, conhecida como Necki, a Ceupa é uma escola de vida integral, de tolerância, de limites, aprendizado, solidariedade, compartilhamento de espaços coletivos, generosidade, mudanças, transformações, oportunidade, vivência e prática para além da faculdade.
Maurilia diz que a Ceupa funciona bem melhor que muitas organizações políticas. Nunca viu uma sociedade tão organizada como a Casa. “Aqui não existia o desigual”, conta.
Sergio Reis destaca a resolução dos problemas cotidianos na prática, mais do que aprendeu no curso de sociologia.
Para os interessados, há diversas formas de contribuir com a entidade. Tem o programa Tampinha Legal, onde arrecadam tampinhas de garrafas e entregam na Instituição. Também podem contribuir via Pix para 92.979.293/0001-19.