Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Tito Guarniere | 23 de março de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
No imaginário do lulopetismo há dois dogmas infalíveis: (1) os empreendimentos econômicos, os negócios giram em torno de uma lógica bruta, que visa unicamente o lucro e a exploração dos trabalhadores. E (2) os trabalhadores precisam ser protegidos da rapinagem empresarial.
Mas e se a empresa é pública, pertence ao Estado, como a Petrobras? Neste caso se abre uma exceção – aí é uma atividade legítima e virtuosa. Exploração só existe quando o empreendimento é privado. O mesmo raciocínio se faz no caso dos servidores públicos. Quem é o opressor do funcionário público? Se federal é o presidente da República e se estadual é o governador? A força opressora é o Estado? Lembremo-nos : o Estado é uma ficção jurídica. E ficções jurídicas não tiram proveito do suor de trabalhadores reais.
Esse o fato: no mundo do lulopetismo as empresas são, quando muito, um mal necessário, ou uma realidade provisória, enquanto não se desconstrói o edifício capitalista. Os lulopetistas, as esquerdas, definitivamente não gostam de empresários ou de empresas, apenas os toleram, quando não há outro jeito.
Nem de longe lhes passa à cabeça que as relações de empregadores e empregados podem se constituir em um pacto de conveniência comum, das duas partes. Afinal, esta é a realidade da vida: nem todos tem capital, talento e capacidade de trabalho para abrir uma empresa. O empresário que abre um negócio corre riscos – pode ficar rico, viver confortavelmente e pode quebrar e viver modestamente. É um contrassenso e um desvario imaginar que basta a vontade, a ambição, para criar uma empresa e se dar bem. A vida da maioria dos empresários é feita de trabalho duro, de desafios diários, de dificuldades sem fim.
Dito de outra forma : entre empregador e empregado, nem tudo é uma relação de opressor e oprimido. Nem tudo é uma relação onde um ganha e outro perde. Não é um jogo de soma zero. Em geral (e não sem conflitos e entrechoques) ambos têm a ganhar – uma relação amistosa, um acordo entre adultos, um trato de cooperação , de interesses trocados, onde cada um tem o seu papel claramente definido. Não é uma relação entre um espertalhão sem alma e um irredimível bocó.
O segundo dogma: todo trabalhador é alguém que não se governa, que desconhece os seus direitos, e incapaz de decidir de acordo com os seus interesses, ele precisa ser coberto de proteções , pois do contrário será irremediavelmente passado para trás pelo patrão. Só eles, das esquerdas, sabem onde residem os interesses da classe trabalhadora.
As esquerdas do governo, como Lula, não chegam a perceber que quanto mais impõem obrigações ao empregador, relativas às relações de trabalho, mais caro será o emprego, e toda vez que ele necessitar de um empregado novo, ele vai fazer contas e pensar duas vezes. De um ponto de vista da economia, o emprego é apenas um insumo da produção.
Ao sabor dessas distorções conceituais navega o governo Lula. São conceitos dogmáticos, envelhecidos, modificados ao longo tempo pela revolução do conhecimento e da tecnologia, que, entretanto causam um efeito devastador na produção econômica, na geração de renda e na criação de empregos.
Tito Guarniere
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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