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Notícias Dois ex-assessores de Bolsonaro adotavam tom ideológico e beligerante nas redes sociais da Presidência da República, despachando do terceiro andar do Palácio do Planalto

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Ex-assessor de Bolsonaro, Tercio Arnaud Tomaz integrava o chamado gabinete de ódio. (Foto: Reprodução/Facebook)

Com personagens que vão desde militares do alto escalão das Forças Armadas e da cúpula do governo Jair Bolsonaro (PL) a aliados e apoiadores das pautas do ex-presidente, a lista de indiciados pela Polícia Federal por golpe de Estado liga todas as grandes investigações que cercam, direta ou indiretamente, o ex-chefe do Executivo.

Na lista estão dois ex-assessores de Bolsonaro que integraram o “gabinete do ódio”: Filipe Martins e Tércio Arnaud Tomaz. O grupo adotava o tom ideológico e beligerante nas redes sociais da Presidência da República, despachando do terceiro andar do Palácio do Planalto desde o início do governo Bolsonaro.

Filipe e Tércio também são pontos de conexão em episódios de apuração sobre o governo Bolsonaro. Por exemplo, ambos foram indiciados pela CPI da Covid – investigação parlamentar sobre a conduta negacionista da gestão anterior ante a pandemia – por incitação ao crime. No Supremo Tribunal Federal (STF), a investigação sobre supostas omissões do governo Bolsonaro na pandemia estão no gabinete do ministro Gilmar Mendes, mas quem está na mira é Bolsonaro e o então alto escalão do Ministério da Saúde.

Fora isso, Tércio acompanhou de muito de perto o inquérito das milícias digitais, dentro do qual a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado está inserida. O ex-assessor de Bolsonaro foi citado e prestou depoimento no inquérito quando ele ainda tinha o escopo de apurar atos antidemocráticos de 2020 – investigação que acabou arquivada e se desdobrou no inquérito das milícias digitais. Compartilham dessa mesma condição de Tércio dois aliados de primeira hora de Bolsonaro que até hoje estão foragidos da Justiça: os blogueiros Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio.

Tércio também foi alvo de uma das fases ostensivas da investigação sobre a Abin paralela montada no governo Bolsonaro para monitorar autoridades e opositores. Há ainda outros indiciados do inquérito do golpe que constam como alvos dessa apuração sobre uma suposta arapongagem clandestina: o subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, o policial federal Marcelo Bormevet e, principalmente, o ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem.

A interseção entre a investigação da Abin Paralela e o gabinete do ódio se dá em razão do abastecimento pela estrutura clandestina do grupo que promovia ataques contra supostos opositores e adversários do ex-presidente. Um alvo da ofensiva não indiciado no inquérito do golpe foi Carlos Bolsonaro, filho 03 do ex-presidente, apontado como o líder do gabinete do ódio.

Narrativas

Por sua vez, a Abin paralela – que, segundo a PF, sabia da minuta do golpe e pode ainda gerar investigações sobre corrupção – está ligada a uma das tônicas centrais do governo Bolsonaro. Isso porque a estrutura clandestina também produzia relatórios para abastecer ataques ao sistema eleitoral.

A alegação de fraude às urnas, central na administração anterior, tem conexão ainda com outros personagens da lista de indiciados por golpe de Estado, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o engenheiro Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (contratado pelo PL para questionar o resultado das eleições) e o empresário argentino Fernando Cerimedo (autor de live contra urnas eletrônicas).

Tais nomes se relacionam, em diferentes graus, à narrativa bolsonarista contra o sistema eleitoral brasileiro. Valdemar e Carlos, por exemplo, estão ligados à tentativa do expresidente de rever o resultado das eleições, que foi derrubada rapidamente pelo TSE.

As alegações sobre fraude nas urnas têm um papel central no inquérito do golpe, mas ainda são investigadas em um braço do inquérito das milícias digitais. Além disso, são pivô da decisão que tornou Bolsonaro inelegível até 2030 – o TSE entendeu que o ex-presidente usou do cargo para espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação, na tentativa de ter ganhos eleitorais, atacar a Corte e fazer “ameaças veladas”.

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