Domingo, 05 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2024
O dólar alcançou um novo recorde nominal nessa segunda-feira (16), encerrando o dia cotado a R$ 6,09, mesmo após uma intervenção significativa do Banco Central (BC). Pela manhã, a moeda norte-americana chegou a R$ 6,10, levando o BC a realizar um leilão extraordinário no mercado à vista, sem exigência de recompra. Foram vendidos US$ 1,63 bilhão, a maior operação do tipo desde 2020. A medida reduziu a cotação temporariamente para R$ 6,04, mas o dólar voltou a subir no decorrer do dia.
Na sexta-feira (13), o BC já havia vendido 845 milhões de dólares em outro leilão. O mercado financeiro segue cauteloso enquanto aguarda a aprovação de cortes de gastos pelo governo federal. Segundo relatório do Ministério da Fazenda, o Brasil precisará aumentar a receita em 0,1% do PIB, o equivalente a R$ 17,9 bilhões, para atingir déficit zero em 2025.
Outro fator que mexeu com o mercado foi uma declaração do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusou o Brasil de taxar excessivamente produtos americanos, ameaçando retaliações tarifárias.
Além disso, investidores estão atentos à reunião do Copom e do Federal Reserve (Fed), que devem definir as novas taxas de juros nesta terça-feira (17). No mercado doméstico, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, caiu 0,31%, fechando em 124.230 pontos.
O economista Fabio Louzada destacou que a alta dos juros futuros e das projeções de inflação para 2025 e 2026 está gerando estresse no mercado. A taxa Selic é estimada em 14% para 2025, enquanto o IPCA já supera o teto da meta para os próximos anos.
Roda de conversa
Enquanto não recebe um sinal concreto de compromisso com o equilíbrio fiscal, o mercado de câmbio sofre os efeitos da desconfiança. Toda roda de negócios é como uma roda de conversa. Se a linguagem é o câmbio, quem sente firmeza na economia do Brasil troca dólar por real. Quem enxerga motivos para desconfiar, compra dólar, considerada a moeda mais segura do mundo. O economista Rodrigo Marchatti explica o movimento do dólar nas últimas semanas:
“Perde fundamento e as pessoas, algumas que estão posicionadas vão para o desespero e vendem a qualquer preço, não tomam as decisões pautadas… Há dois, três dias, eu achei que dava para comprar nesse preço. Passaram três dias e aquilo só andou contra, as pessoas meio que vão jogando a toalha. As pessoas que eu digo são, principalmente, tesourarias, os fundos de investimento, os grandes tomadores de posição desse mercado financeiro. E isso gera um efeito manada. As pessoas veem o dólar disparando e mais pessoas físicas vão querer mandar dólar para fora, ou comprar dólar, e aí o Banco Central tem que trazer um pouco de calma”, afirma Rodrigo Marchatti, economista e diretor da Veedha Investimentos. As informações são do jornal A Hora e do Jornal Nacional.