Terça-feira, 01 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de março de 2025
O dólar fechou em alta de 0,42% nessa quarta-feira (26), cotado a R$ 5,73, em reflexo à cautela que ainda paira no mercado diante das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Já o Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores brasileira, encerrou com valorização de 0,34%, aos 132.520 pontos.
Na agenda, a divulgação de novos dados econômicos por aqui ficou sob os holofotes. O Banco Central (BC) informou que o rombo nas contas externas do país mais que dobraram no primeiro bimestre de 2025, registrando um déficit de US$ 17,31 bilhões — o que significa que o País mais enviou dinheiro para fora, principalmente com importações, do que arrecadou.
Mercados
Os mercados globais continuam a focar suas atenções às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Além da expectativa pelo dia 2 de abril, quando as novas taxas recíprocas devem começar a valer, os investidores continuam de olho em eventuais novos anúncios.
Nessa quarta, por exemplo, Trump afirmou que planeja anunciar novas tarifas sobre automóveis importados durante um evento do qual participará no final do dia. As falas voltaram a acender o alerta sobre os eventuais efeitos que essa política tarifária pode ter na economia.
Investidores, analistas, empresários e consumidores temem que as medidas possam acelerar a inflação de uma gama de produtos e provocar uma recessão nos EUA — além de impactar preços e crescimento econômico de diversos países pelo mundo.
Diante da incerteza, os agentes financeiros têm preferido segurar suas apostas para qualquer direção, mantendo o dinheiro nos ativos mais seguros, como o dólar, o que justifica a valorização da moeda nesta quarta-feira.
Nos últimos dias, houve algum alívio nos mercados no tema das medidas comerciais, com autoridades do governo afirmando que Trump deve adiar a implementação de tarifas sobre setores específicos para além de 2 de abril.
O próprio presidente dos EUA também disse que alguns países podem receber “descontos” nas taxas a serem aplicadas na próxima semana.
“Poucos detalhes foram fornecidos pela administração sobre como pretendem implementar o plano de tarifas recíprocas, mantendo um elevado nível de incerteza… Caso o governo opte por aplicar tarifas apenas sobre produtos e países com altos diferenciais tarifários, o impacto sobre a economia americana seria mais limitado”, disseram analistas do BTG Pactual em relatório.
Enquanto isso, as expectativas de consumidores seguem se deteriorando. Relatório do Conference Board mostrou na última terça-feira que seu índice de confiança do consumidor caiu pelo quarto mês consecutivo em março e de forma mais acentuada que projeção em pesquisa da Reuters.
A preocupação de economistas é que o pessimismo dos consumidores possa refletir na economia real em breve, com queda do consumo e dos investimentos nos EUA, o que poderia contribuir para uma recessão.
Ambiente interno
Os investidores também seguem de olho no noticiário doméstico. Segundo o BC, o rombo nas contas externas brasileiras mais que dobrou no primeiro bimestre do ano. Já o investimento estrangeiro direto no país registrou um pequeno aumento.
Além disso, ainda segue no radar a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada na véspera. Na semana passada, o BC voltou a elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, sinalizando um novo aumento de menor magnitude no próximo encontro, em maio.
Para os encontros seguintes, os membros apontam que a incerteza elevada não permite uma orientação clara. Operadores precificam 61% de chance de uma alta de 0,5 ponto percentual na taxa de juros em maio, com 39% de possibilidade de um aumento de 0,75 ponto.
O contínuo aumento da Selic tem como resultado ampliação do diferencial de juros entre o Brasil e outros países, o que tende a ser positivo para o real devido à atração de investidores estrangeiros. (Com informações do portal de notícias g1)