O dólar encerrou a sessão dessa segunda-feira (23) em alta na casa de R$ 6,18, conforme investidores continuavam a avaliar o pacote de corte de gastos do governo, que terminou sua tramitação no Congresso na última semana. Na máxima do dia, a moeda chegou à cotação de R$ 6,2003. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, encerrou em queda.
O mercado tem acompanhado de perto o desenrolar das propostas de corte do governo Lula. Há um temor de que as medidas anunciadas não sejam suficientes para equilibrar as contas públicas e conter o avanço das despesas do governo. Houve uma “desidratação” de algumas medidas — ou seja, pontos foram alterados e podem conter as despesas públicas em patamar menor que o esperado.
Na última sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou as mudanças no pacote. Segundo ele, o Congresso Nacional atendeu, dentro das suas possibilidades e “em um prazo curto de tempo”, um resultado preliminar “muito interessante”.
O titular da Fazenda também acenou ao mercado falando em novas medidas de redução de despesas no decorrer de 2025, sem detalhá-las. Na semana passada, a moeda norte-americana passou por uma sequência de altas. O Banco Central (BC) colocou mais US$ 28 bilhões em leilão para aumentar a oferta de dólares no mercado e conter o aumento.
O presidente do órgão, Roberto Campos Neto, avaliou que houve uma saída extraordinária de recursos do País neste fim de ano e, por isso, a instituição resolveu intervir. No ano, o dólar tem alta de mais de 27%. Na agenda, dados da prévia da inflação de dezembro e os dados de desemprego em novembro estão previstos para esta semana, bem como novas falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).
As preocupações com o quadro fiscal do País continuaram a fazer preço nos mercados nesta segunda-feira, após o Congresso ter concluído, na semana passada, a tramitação do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal.
A ideia inicial era economizar R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, e um total de R$ 375 bilhões até 2030. Segundo cálculos do Ministério da Fazenda, no entanto, as mudanças feitas pelo Congresso devem ter um impacto de R$ 2,1 bilhões, reduzindo a economia para R$ 69,8 bilhões.
No café da manhã com jornalistas, na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as mudanças feitas pelos parlamentares não comprometem a conta final feita pelo governo.
“Fala-se em ‘desidratação’, mas havia expectativa de parte dos analistas que poderia haver ‘hidratação’ [aumento da potência dos cortes de gastos]. Os ajustes feitos na redação não afetam o resultado final. Mantém na mesma ordem de grandeza os valores encaminhados pelo Executivo”, afirmou Haddad.
O mercado, mais uma vez, contesta os números. Para a XP Investimentos, o potencial de economia fiscal recuou de R$ 52 bilhões para R$ 44 bilhões.
“Apesar da direção correta, vemos o pacote como insuficiente para garantir o atingimento das metas de resultado primário e, principalmente, a manutenção do limite de despesas do arcabouço fiscal nos próximos anos”, diz um relatório da empresa.
O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público.
Mas os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas para controlar o endividamento público, e declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Fantástico consolidaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas.
Ao final da sessão, o dólar fechou em alta de 1,87%, cotado a R$ 6,1855. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,2003. Com o resultado, acumulou ganhos de 1,87% na semana; alta de 3,08% no mês; e avanço de 27,47% no ano.
Na sexta-feira, a moeda norte-americana teve queda de 0,81%, cotado a R$ 6,0719.
Já o Ibovespa encerrou em queda de 1,09%, aos 120.767 pontos. Na sexta-feira, o índice teve alta de 0,75%, aos 122.102 pontos. Com o resultado, acumulou queda de 2,01% na semana; perda de 2,84% no mês; e recuo de 9% no ano. As informações são do portal de notícias G1.