Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2025
O dólar despencou nessa segunda-feira (21), à medida que a confiança dos investidores na economia dos Estados Unidos caiu após o presidente Donald Trump revelar seus planos de intervir no Federal Reserve (o Fed, banco central americano), o que impactaria a independência do banco.
O dólar caiu para o menor nível em uma década frente ao franco suíço, o euro alcançou US$ 1,15 o nível mais alto desde novembro de 2021. Enquanto o dólar neozelandês voltou ao nível de US$ 0,6000 pela primeira vez em mais de cinco meses.
O dólar também atingiu uma mínima de sete meses frente ao iene, a 140,615 ienes. Dados da CFTC mostraram que as posições líquidas compradas em iene japonês atingiram um recorde na semana encerrada em 15 de abril.
A libra esterlina subiu para o nível mais alto desde setembro, a US$ 1,3395, enquanto o dólar australiano alcançou uma máxima de quatro meses, cotado a US$ 0,6430.
Frente a uma cesta de moedas, o dólar caiu para o menor nível em três anos, a 98.164 (índice DXY). O dólar neozelandês saltou mais de 1%, chegando a US$ 0,6013.
Em outros lugares, o yuan onshore subiu para uma máxima de duas semanas antes de devolver parte dos ganhos, sendo cotado por último a 7,2904 por dólar. O yuan offshore também tocou a máxima de uma semana, a 7,2835 por dólar.
A liquidez do mercado estava reduzida, com a maioria das bolsas europeias e os mercados da Austrália e de Hong Kong fechados nessa segunda-feira de Páscoa. A maioria dos mercados globais também permaneceu fechada na sexta-feira por conta do feriado.
Na sexta-feira (18), o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hasset, disse que a administração estuda se demitir Jerome Powell, presidente do Fed, é uma opção. Isso um dia após Trump declarar que a saída de Powell “não pode acontecer rápido o suficiente”, enquanto pressionava por cortes nas taxas de juros.
“Powell não responde diretamente a Trump, então (Trump) não pode realmente demiti-lo. Ele só pode ser removido do cargo sob certos procedimentos, que normalmente exigem um critério mais rigoroso. Mas o presidente pode acionar mecanismos para minar a percepção de independência do Fed? Sem dúvida,” disse Vishnu Varathan, chefe de pesquisa macroeconômica para a Ásia (excluindo Japão) no Mizuho.
As tarifas generalizadas de Trump e a incerteza sobre suas políticas comerciais abalaram os mercados globais e escureceram as perspectivas da maior economia do mundo, enfraquecendo o dólar à medida que os investidores retiram dinheiro dos ativos americanos.
A China manteve suas taxas de juros de referência inalteradas nesta segunda-feira pelo sexto mês consecutivo, em linha com as expectativas. No entanto, o mercado aposta que novos estímulos devem ser anunciados em breve, diante do agravamento da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Trump x Powell
Na quinta-feira (17), Trump criticou a gestão de Jerome Powell e disse que ele está “sempre muito atrasado e errado” na condução da política de juros do país.
A declaração veio apenas um dia após Powell criticar publicamente o tarifaço do presidente americano. Na quarta (16), Powell disse que o nível das tarifas anunciadas por Trump é muito maior do que o Fed esperava, mesmo nos cenários “mais extremos”.
O presidente do Fed também disse que a guerra tarifária iniciada pelos EUA pode dificultar o trabalho do BC americano, que toma suas decisões sempre guiado pelo objetivo de controlar a inflação e fortalecer o mercado de trabalho.
Trump reclamou do tempo que falta para o fim do mandato de Powell à frente do Fed, dizendo que esse momento “não chega rápido o suficiente”.
O Fed é uma instituição independente e o governo não pode interferir nas decisões sobre os juros, o que evita o uso das taxas de juros para aquecer a economia em um momento de inflação acelerada.
“É muito importante o Fed ser independente porque é a instituição responsável por olhar para a economia de um jeito técnico”, explica o analista de investimentos Vitor Miziara.
“Os governos, de forma geral, torcem para juros muito baixos porque estimulam a economia, trazem dívidas com custos menores e facilitam a vida das pessoas. Mas isso só funciona no curto prazo porque juros muito baixos sem uma base técnica para isso trazem inflação. A conta sempre chega lá na frente”, pontua. (Com informações da agência Reuters)