Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de janeiro de 2025
O dólar fechou em alta nessa sexta-feira (10), cotado a R$ 6,10, com o mercado reagindo aos dados mais recentes da inflação no Brasil e aos novos números do mercado de trabalho dos Estados Unidos. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 6,1248. O Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores brasileira, teve baixa de 0,77%, aos 118.856 pontos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do País, mostra que a inflação teve alta de 4,83% em 2024, acima do teto da meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A meta era de 3%, mas seria considerada cumprida ficasse entre 1,5% e 4,5%. É a terceira vez desde 2021 que a inflação fica acima do teto. Agora, o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, terá de publicar uma carta explicando os motivos para o estouro.
Além disso, o resultado pressiona o BC a continuar com o processo de elevação da taxa básica de juros. Atualmente, a taxa está em 12,25% ao ano, mas o mercado financeiro já espera algo entre 15% e 16% ao ano em 2025.
No exterior, o mercado repercute o resultado do “payroll”, relatório de emprego mais popular dos EUA. O país criou 256 mil vagas de empregos não-agrícolas em dezembro, bem acima das expectativas de mercado, de 164 mil.
Também houve aceleração contra o mês anterior, quando foram registradas 212 mil vagas. A taxa de desemprego dos EUA ficou em 4,1%. A projeção era de 4,2%, mesmo resultado de novembro.
Os números do payroll servem como referência para que o Federal Reserve (Fed) decida as taxas de juros americanos. Um mercado de trabalho muito aquecido pode pressionar a inflação, e levar o Fed a interromper sua sequência de cortes de juros antes do esperado.
Mercado
Os dados econômicos do Brasil e dos Estados Unidos foram aguardados durante toda a semana, pois podem indicar os próximos passos na política de juros em ambos os países.
No Brasil, a inflação veio conforme as projeções do mercado, mas mostrou uma aceleração em dezembro. Além disso, a inflação de 2024 fechou acima do teto da meta.
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta nos preços em dezembro. Mas a alta da inflação foi impulsionada principalmente pelo grupo de Alimentação e bebidas, que registrou a maior variação percentual (1,18%) e o maior impacto no índice (0,25 p.p.).
Para o resultado fechado de 2024, todos os nove grupos medidos pelo IBGE tiveram alta. Alimentação e bebidas também teve a maior alta percentual (7,69%) e o maior impacto sobre o índice (1,63 p.p.).
Para 2025, as expectativas ainda são divergentes. Heliezer Jacob, economista do C6 Bank, acredita que o cenário econômico continuará “desafiador” em 2025 e que a inflação pode fechar mais um ano acima do teto da meta, que é o mesmo do ano passado.
“O mercado de trabalho aquecido e a perspectiva de câmbio depreciado pressionarão ainda mais a inflação. Nossa projeção é de que o IPCA feche o ano em 5,7%, novamente acima do limite superior da meta”, comenta Jacob.
O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, tem uma visão diferente. Para ele, a política de alta dos juros que o BC já está adotando, e que pode levar a taxa Selic a cerca de 15% ao ano, deve reduzir a pressão sobre o consumo e os preços.
“Além disso, ao contrário de 2024, quando tivemos o impacto de dois fenômenos climáticos– El Niño e La Niña – e uma quebra de safra agrícola, 2025 aparenta ter apenas um La Niña fraco e uma safra recorde. Com isso esperamos uma variação nos alimentos bem abaixo do que foi no ano passado”, diz Leal.
Nos EUA, os números que indicam a resiliência do mercado de trabalho “reforçam a dificuldade do Fed em continuar com o ciclo de corte de juros”, explica Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad.
“Em resposta à divulgação, os juros dos Treasuries apresentam alta na maioria dos vencimentos nesta manhã, e as apostas de que o Fed não faça mais cortes de juros este ano, ou até tenham que optar por um aumento, se tornam mais abundantes no mercado”, destaca a especialista.
Juros mais altos nos EUA aumentam o rendimento dos títulos públicos do país, que são considerados os mais seguros do mundo. Isso atrai mais investimentos para os ativos americanos e fortalece o dólar em relação a outras moedas.