O dólar fechou a R$ 6 nessa sexta-feira (29) e, pelo terceiro dia seguido, renovou o recorde de maior valor nominal. A moeda acumulou alta de 3,21% na semana e de 3,79% no mês. No ano, a valorização é de 23,66%. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, encerrou com um avanço de 0,85%, aos 125.668 pontos.
O mercado reagiu mal porque o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, junto com o corte de gastos do governo, uma proposta para dar isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Com isso, a moeda chegou a bater R$ 6,1156 na máxima dessa sexta.
Após a repercussão negativa vista na véspera, com uma percepção de risco alta no mercado diante das incertezas com o pacote de cortes de gastos do governo federal, novas falas de Haddad e dos líderes da Câmara e do Senado ficaram na mira dos investidores nesta sexta-feira (29).
Em uma rede social, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que os deputados darão “todo esforço, celeridade e boa vontade” para aprovar as medidas de cortes de gastos anunciadas pelo governo, reafirmando o “compromisso inabalável” da Casa com o arcabouço fiscal.
Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) saiu em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro da Fazenda, afirmando que a reação do mercado ao pacote fiscal foi exagerada e precipitada.
“O ministro Haddad fez um esforço danado, propôs reduções de despesas importantes, que não foram enfrentadas pelos últimos governos. E o mercado não reconhece isso”, disse Pacheco.
A Lula e Haddad, o presidente do Senado afirmou que o Congresso vai dar a sua contribuição e aprovar as medidas ainda neste ano.
“Com a reafirmação de que a isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil será tratada apenas no futuro, condicionada à capacidade fiscal, e o apoio ao corte de gastos com abertura para ajustes, o mercado interpretou essas mensagens como um movimento em direção à responsabilidade fiscal”, disse o responsável pela área de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa.
Os investidores também ficaram de olho em novas falas de Haddad e outras autoridades do governo.
Em evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Haddad afirmou que as medidas não são “bala de prata” e que pode analisar as despesas de novo, se necessário.
“Se tiver algum problema de cálculo, nós vamos voltar para a planilha, vamos voltar para o Congresso. vamos voltar para o presidente da República, com a demanda que nós achamos que é a correta”, disse.