Sexta-feira, 01 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de novembro de 2024
Em meio às turbulências econômicas no Brasil e no mundo, o dólar acumula alta de 20% este ano.
Foto: Valter Campanato/Agência BrasilO dólar voltou a fechar em alta nesta sexta-feira (1°), desta vez no segundo maior valor nominal da história (descontada a inflação): R$ 5,8698. No dia 13 de maio de 2020, a moeda americana chegou aos R$ 5,9007, seu recorde. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, a B3, fechou em queda.
Em meio às turbulências econômicas no Brasil e no mundo, o dólar acumula alta de 20% este ano. Nesta semana, investidores esperavam definição do governo federal sobre o corte de gastos previsto para este fim de ano, o que não aconteceu. A equipe econômica busca cumprir a meta de déficit zero para as contas públicas em 2024.
O mercado financeiro espera que esse pacote indique cortes entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões nos gastos públicos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta semana entender a “inquietação” do mercado, e que vai apresentar cortes. Mas disse também que não há data para a divulgação dos planos, e que a decisão depende do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No exterior, o clima também é ruim com a aproximação das eleições americanas e novos dados de atividade econômica reascendendo as dúvidas sobre a condução das taxas de juros nos próximos meses. O embate eleitoral nos EUA acontece na próxima terça-feira (5), entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump. Para o mercado, o ex-presidente tem mais chances de vitória, e ameaça trazer uma agenda de aumento de protecionismo para um novo mandato.
Além disso, investidores reagem aos novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que gerou um número de vagas bem menor que o esperado em outubro. O relatório de empregos “payroll”, o mais importante do país, indicou a criação de apenas 12 mil vagas de trabalho no último mês, contra uma expectativa de 106 mil e muito abaixo das 223 mil criadas em setembro.
Os números fracos, no entanto, são uma consequência das greves ocorridas no último mês no país, que foram registradas como desemprego. Inclusive, a taxa de desemprego nos Estados Unidos permaneceu em 4,1%, como no mês anterior.
“Sem considerar essas greves e as demissões de trabalhadores temporários, o número teria se aproximado da projeção de 100 mil. A greve da Boeing, por exemplo, foi amplamente divulgada, mas fora isso, os demais dados ficaram dentro do esperado”, explica Gustavo Cruz estrategista-chefe da RB Investimentos.
“Para as próximas reuniões do Banco Central dos EUA, acredito que isso não terá grande impacto – é provável que mantenham o corte de 0,25 p.p. na próxima semana e em dezembro. O que de fato poderá influenciar as decisões do Banco Central em 2024 será a eleição”, comenta.
Além disso, investidores continuam repercutindo os novos dados da inflação norte-americana, divulgados na quinta. O PCE, índice de preços preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), subiu 0,2% em setembro, em linha com o esperado.
Um mercado de trabalho mais fraco pode ajudar o Fed a reduzir mais as suas taxas de juros, hoje entre 4,75% e 5% ao ano. No entanto, o mercado desconfia que o resultado seja tão ruim que possa indicar uma desaceleração muito intensa da economia americana.