Quinta-feira, 02 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de dezembro de 2024
De 6 de novembro a 17 de dezembro, a moeda saltou de R$ 5,67 para R$ 6,07, uma alta de 7,40%.
Foto: ReproduçãoO dólar fechou o último pregão do ano em queda nesta segunda-feira (30), a R$ 6,1797, depois de uma nova intervenção do Banco Central do Brasil (BC). O resultado, no entanto, não foi suficiente para amenizar o avanço da moeda em 2024, que fechou com uma alta acumulada de 27,35%.
A valorização do dólar no ano é resultado de uma série de fatores externos e internos, como conflitos internacionais, nível de juros nos Estados Unidos e expectativas em torno das contas públicas brasileiras.
Especialmente neste fim de ano, os holofotes ficaram com o quadro fiscal do Brasil, em meio a receios do mercado financeiro sobre a efetividade do pacote de corte de gastos anunciado pelo governo em novembro. O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. São as regras definidas pelo arcabouço fiscal, o conjunto de normas para controle das contas públicas.
Em termos simples, os receios do mercado financeiro em relação às contas públicas se refletem no dólar da seguinte forma:
– Sem cortar gastos, o País tem uma perspectiva menor de controle da dívida pública;
– Um País mais endividado tem uma probabilidade maior de não cumprir com seus compromissos financeiros, e se torna mais arriscado;
– Um País mais arriscado só se torna atrativo se pagar juros mais altos pelos títulos;
– Com países mais seguros pagando juros mais altos no exterior, o Brasil fica menos atrativo;
– Se o Brasil está pouco atrativo, os investidores tiram dólares do país, enfraquecendo o real.
– Com projeções mais pessimistas sobre a elevação da dívida bruta do país, o dólar subiu ainda mais neste fim de ano.
De 6 de novembro a 17 de dezembro, saltou de R$ 5,67 para R$ 6,07, uma alta de 7,40% no curto período de um mês. O dólar recuou 0,22%, cotado a R$ 6,1797. Na máxima do dia chegou a R$ 6,2422. Com o resultado, acumulou: alta de 2,99% no mês; e avanço de 27,35% no ano. Na última sexta-feira (27), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,26%, cotado a R$ 6,1932.
Com os resultados mais recentes das contas públicas brasileiras, o mercado segue repercutindo o quadro fiscal do País. Há duas semanas, o Congresso concluiu a tramitação do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal.
A ideia inicial era economizar R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, e um total de R$ 375 bilhões até 2030. Segundo cálculos do Ministério da Fazenda, no entanto, as mudanças feitas pelo Congresso devem ter um impacto de R$ 2,1 bilhões, reduzindo a economia para R$ 69,8 bilhões.
Em café da manhã com jornalistas, no último dia 20, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as mudanças feitas pelos parlamentares não comprometem a conta final feita pelo governo.
“Fala-se em ‘desidratação’, mas havia expectativa de parte dos analistas que poderia haver ‘hidratação’ [aumento da potência dos cortes de gastos]. Os ajustes feitos na redação não afetam o resultado final. Mantém na mesma ordem de grandeza os valores encaminhados pelo Executivo”, afirmou Haddad.
O mercado, porém, contesta os números. Os agentes financeiros já não esperam grande eficácia das medidas para controlar o endividamento público, e declarações recentes do presidente Lula ao Fantástico reforçaram a percepção de que o governo não pretende avançar muito na contenção de despesas.
O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Mas isso não aconteceu.
Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula. As informações são do portal de notícias G1.