O dólar fechou em alta nessa sexta-feira (13), mesmo após a intervenção do Banco Central do Brasil (BC) no mercado de câmbio. Durante a tarde, a instituição realizou um novo leilão à vista da moeda norte-americana, com o intuito de conter a depreciação do real. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, fechou em queda.
No cenário doméstico, investidores continuaram a monitorar o noticiário, em meio às preocupações com a desidratação do pacote fiscal do governo no Congresso Nacional e diante das novas mudanças da reforma tributária.
Além disso, a decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual (p.p.), continuou a pesar no mercado, principalmente após a sinalização de uma condução mais dura dos juros à frente por parte do BC.
O estado de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e novos dados econômicos locais e internacionais também ficaram no radar.
Dólar
O dólar subiu 0,43%, cotado a R$ 6,0347. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,0770.
Com o resultado, acumulou: queda de 0,60% na semana; alta de 0,57% no mês; avanço de 24,36% no ano.
Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,69%, cotado a R$ 6,0091.
Ibovespa
O Ibovespa caiu 1,13%, aos 124.612 pontos.
Com o resultado, acumulou: queda de 1,06% na semana; perda de 0,84% no mês; recuo de 7,13% no ano.
Na véspera, o índice caiu 2,74%, aos 126.042 pontos.
O que está mexendo com os mercados?
Nessa sexta, o BC anunciou uma nova intervenção no câmbio – e, com isso, conseguiu ao menos aliviar o ritmo de alta do dólar, que chegou a bater os R$ 6,07. O leilão de venda à vista da moeda norte-americana, realizado nesta tarde, teve nove propostas aceitas, no total de US$ 845 milhões.
No cenário doméstico, o mercado financeiro tem se preocupado com os sinais de que o pacote fiscal recentemente anunciado pelo governo federal pode enfrentar resistências no Congresso Nacional.
As indicações de que o clima para votação das medidas de contenção de despesas desandou no Legislativo federal cresceram nos últimos dias, principalmente após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que estabeleceu regras mais rígidas para o pagamento de emendas parlamentares.
Emendas parlamentares são verbas pagas pelo governo para deputados e senadores financiarem obras em seus estados. O STF entendeu que era preciso dar mais transparência ao processo, desde a identificação do parlamentar que destina a verba até o rastreamento de onde o dinheiro está sendo aplicado.
Mas o Congresso não gostou das regras e viu na ação do STF uma interferência no Legislativo, orquestrada com o governo. Com isso, a Câmara não analisou nesta semana, ao contrário do que queria o governo, o pacote de ajuste fiscal, uma das prioridades do Palácio do Planalto para este fim de ano.
Na tentativa de contornar o atrito, o governo publicou uma portaria na quarta-feira para orientar o pagamento de emendas de uma forma que – na visão do governo – não desobedeça as regras do STF nem desagrade os parlamentares.
Por isso as portarias trazem interpretações do governo para as regras do STF. A expectativa é que o governo libere R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares para o Congresso até esta sexta (13).
Além disso, outro ponto que continua a pesar nos mercados é a quantidade de mudanças que o Senado tem feito na reforma tributária – o que tem elevado as estimativas para o novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA).
Por fim, a última decisão do Copom, que elevou a taxa básica para 12,25% ao ano, também segue no radar dos investidores, em meio à leitura que os juros elevados penalizam mais alguns setores do que outros – o que pode penalizar algumas ações na bolsa de valores brasileira.
O mercado também seguiu atento ao estado de saúde do presidente Lula, que precisou passar por mais um procedimento na última quinta-feira para evitar um novo sangramento na cabeça. A intervenção aconteceu pela manhã e, segundo o médico responsável, foi “um sucesso”.
No exterior, o foco ficou com a divulgação de novos indicadores econômicos nos Estados Unidos e na Europa.