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Dólar tem forte queda e fecha abaixo de R$ 5,50 após novos sinais de Lula e de seu ministro da Fazenda

Em janeiro, o dólar rodava abaixo dos R$ 5. Agora já se aproxima dos R$ 6. (Foto: EBC)

O dólar voltou a cair nessa quinta-feira (4) e fechou abaixo de R$ 5,50. Ao final da sessão, a moeda recuou 1,46%. O dia teve pouca influência externa, por conta do feriado de Dia da Independência nos Estados Unidos, mas houve alívio nas tensões políticas no cenário doméstico.

Com o resultado, a divisa norte-americana acumula: queda de 1,82% na semana; recuo de 1,82% no mês; e alta de 13,07% no ano.

Após uma disparada influenciada, sobretudo, por uma série de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central (BC) e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto, o anúncio de que o governo está comprometido com a meta fiscal acalmou os mercados.

Na noite de quarta-feira (3), depois de um dia inteiro de reuniões, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um corte de R$ 25 bilhões em despesas e disse que Lula determinou que seja cumprido o arcabouço fiscal.

Já o Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores brasileira, encerrou em alta de 0,40%, aos 126.164 pontos.

Mercados

Nos últimos dias, críticas do presidente Lula reacenderam o temor no mercado de que o governo não estivesse comprometido com a responsabilidade fiscal. O alívio nas tensões políticas em torno do compromisso do governo com o fiscal brasileiro trouxe um tom mais positivo para os mercados, especialmente após as falas de Haddad.

“Tivemos a oportunidade de nos reunirmos três vezes hoje. Lula me pediu que falasse para vocês. Primeira coisa que o presidente determinou é cumprir o arcabouço fiscal. Não se discute isso. São leis que regulam as finanças no Brasil e serão cumpridas. O arcabouço será preservado a todo custo”, afirmou o ministro, em coletiva de imprensa.

Haddad ainda prometeu cortes no Orçamento de 2025, com algumas despesas obrigatórias. O ministro explicou que o governo fez um pente-fino para identificar gastos sociais que poderiam ser cortados e que essas medidas podem até ser antecipadas, a depender do relatório de receitas e despesas do governo federal.

“Serão R$ 25,9 bilhões que vão ser cortados. Foi feito com as equipes dos ministérios. Um trabalho com critérios com base em cadastro, nas leis aprovadas. Algumas dessas medidas do Orçamento de 2025 podem ser antecipadas à luz do que a Receita nos apresente no dia 22 de julho”, disse.

Na quarta, também, durante o anúncio do Plano Safra voltado para a agricultura familiar, no Palácio do Planalto, Lula afirmou que “responsabilidade fiscal é compromisso” e que o governo “não joga dinheiro fora”.

“Aqui, nesse governo, a gente aplica o dinheiro que é necessário, a gente gasta com educação e saúde, naquilo que é necessário. Mas a gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso desse governo desde 2003. E a gente manterá ele à risca”, disse Lula.

Na última terça (2), Lula disse que “não se pode inventar crises” e “jogar a culpa” da disparada do dólar nas últimas semanas nas declarações que ele deu.

“É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o Real nesse País. Eu tenho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer”, argumentou Lula.

Ele voltou a falar, também, sobre o comando do BC, defendendo que a instituição seja autônoma e que Campos Neto tem um viés político.

“A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que o presidente do Banco Central não fiquei vulnerável às pressões políticas. (…) Quando você é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere de uma instituição que deveria ser do Estado. Ele não pode estar à serviço do sistema financeiro, ele não pode estar à serviço do mercado.”

Na segunda (1º), Lula já havia dito que o próximo presidente do BC deve olhar para o Brasil “do jeito que ele é e não do jeito que o sistema financeiro fala”.

“Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do [ex-presidente Jair] Bolsonaro, não é correto isso”, afirmou o presidente na segunda, ponderando que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada.

“Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue… ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”, acrescentou, destacando que “quem quer BC autônomo é o mercado”.

O mandato de Campos Neto acaba em 2024 e, desde 2021, a legislação brasileira determina a autonomia do BC, que deve tomar suas decisões sem interferência política. No entanto, Lula afirmou que vai indicar para a presidência da instituição alguém com “compromisso com o crescimento do País”.

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