Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2024
O dólar voltou a beirar os R$ 5,60 nessa quinta-feira (22). A moeda fechou em alta de 1,98%, cotada a R$ 5,58. Durante a tarde, declarações de Gabriel Galípolo e Diogo Guillen, diretores de Política Monetária e Econômica do Banco Central, respectivamente, foram lidas como brandas. Eles disseram não sancionar expectativas e projeções e ressaltaram que o balanço de riscos não fornece direcionamento para a condução dos juros.
Galípolo, o principal cotado por agentes para suceder Roberto Campos Neto na condução do BC, disse ainda que está satisfeito com a percepção das suas mensagens e que gostaria de reafirmá-las. Ele afirmou também que a inflação fora da meta é desconfortável.
“A última fala do Roberto Campos Neto, em entrevista, foi lida como dovish (branda). E o Galípolo tentou interpretar a fala, “desprecificando” a fala anterior, de que um aumento de juros estava na mesa. E isso ajudou o real a sofrer um pouco mais”, diz Jorge Dib, gestor da Galapagos Capital, sobre a diminuição das expectativas de um aumento nos juros do país, o que impactou o câmbio.
Para além do discurso da diretoria, novos dados divulgados hoje nos Estados Unidos demonstraram que o corte dos juros por lá, já esperado para a próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o BC americano) em 18 de setembro, pode não ter a magnitude anteriormente esperada, de meio ponto:
“Hoje, o PMI mais forte do que o esperado e empregos em linha fizeram com que um bom pedaço das apostas por queda mais forte nos juros tenha sido devolvido”, afirma Dib.
O índice de gerentes de compras (PMI) da indústria preliminar de agosto, realizado pela S&P Global, caiu 1,6 pontos, para 48. Leituras abaixo de 50 indicam contração, e o número foi mais fraco do que todas as estimativas realizadas pela Bloomberg. Já os pedidos de auxílio-desemprego semanal vieram em linha com as expectativas, em 232 mil.
Para o gestor da Galapagos, a volatilidade alta no câmbio é causada, em parte, por conta de um aumento da expectativa de que os juros no Brasil subam e os americanos caiam.
“O movimento de discussão é de direção de política monetária: nos EUA, quando abaixa, até onde abaixa e quanto abaixa. A dúvida é se vem tudo isso e qual a velocidade. E aqui o contrário: quanto sobe, até onde sobe, qual a velocidade que sobe. Então, dado que o diferencial de juros é o que precifica o câmbio, diante dessas incertezas, a volatilidade vem. É natural ter uma volatilidade maior”, diz.
No mesmo momento de encerramento das negociações no Brasil, a valorização do dólar frente outras moedas era global: o peso mexicano caiu 0,92%; o rand-sul africano, 0,56%. O iene também perdeu 0,47%, e o euro caiu 0,14% frente a divisa.
O índice DXY, que mede a moeda frente a uma cesta de outras seis de economias desenvolvidas, valorizou 0,5%.
Bolsa
Depois de três dias seguidos renovando seu patamar recorde, o principal índice da bolsa brasileira encerrou a quinta-feira em baixa de 0,95%, aos 135.173 pontos.
“Foi um movimento forte e continuado. Agora, ao mesmo tempo, há correção lá fora. Certamente tem parte de realização de lucros”, diz Eduardo Grübler, gestor de multimercados da AMW, a asset da Warren, afirmando que houve correlação com uma realização também realizada no exterior.
As bolsas de Nova York também encerraram em queda. O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,43%, aos 40.712 pontos. O S&P 500 recuou 0,89%, aos 5.570 pontos, enquanto o Nasdaq fechou em baixa de 1,67%, aos 17.619 pontos.
Com a alta do câmbio e do impacto na curva de juros, que apresentou aumento ao longo dos vértices, ações de empresas voltadas ao âmbito doméstico desvalorizaram: CVC, que ontem liderou os ganhos, foi a âncora do índice, recuando 6,52%, aos R$ 2,15. A construtora MRV veio em seguida, perdendo 5,28%, aos R$ 7,17. A varejista Magazine Luiza também caiu 4,84%, aos R$ 13,18. Com alavancagem em dólar, a Azul também apontou para baixo, perdendo 4,24%, aos R$ 7,45.