Após ter atingido 3,43 reais, o dólar reduziu o avanço na tarde desta terça-feira (28) e fechou com alta mais modesta, depois que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s manteve em “BBB-” a nota de crédito do Brasil, mas sinalizou que o País pode perder o grau de investimento.
A moeda americana avançou 0,14% frente ao real, a 3,3690 reais na venda, acumulando alta de 6,17% nas últimas cinco sessões.
Mais cedo, a moeda chegou a ser cotada a 3,4353 reais, maior nível intradia desde 21 de março de 2003, quando chegou a 3,46.
Nesta tarde, o dólar turismo chegava a custar 3,78 reais no cartão pré-pago em casas de câmbio do País.
Segundo investidores ouvidos pela Reuters, a deterioração da nota do País já estava parcialmente embutida nos preços.
“O mercado estava esperando algo semelhante. A surpresa é que veio da S&P, e não da Moody’s”, afirmou o economista da 4Cast Pedro Tuesta, lembrando que a Moody’s está prestes a avaliar a nota do País novamente.
Tuesta argumentou ainda que a alta do dólar perdeu força à tarde após a analista da S&P Lisa Schineller dizer esperar que o cenário fiscal melhore, o que poderá evitar o rebaixamento.
Investidores já vinham demonstrado preocupação com a possibilidade de o Brasil perder seu grau de investimento, após cortes nas metas fiscais do governo deste e dos próximos anos surpreenderem e decepcionarem os mercados financeiros.
Cenário político conturbado
O cenário político conturbado também pesa neste momento, em que o governo depende muito do Congresso – em pé de guerra com o Executivo – para aprovar as medidas de ajuste fiscal.
Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a afirmar que fará todos os esforços junto ao Legislativo “para garantir a previsibilidade fiscal” e que a turbulência com o dólar é passageira.
Outro fator importante para os próximos passos do dólar é a reunião do Federal Reserve, banco central americano, que termina na quarta-feira (29). Sinalizações de que o Fed caminha para elevar os juros ainda neste ano podem servir de gatilho para a moeda dos EUA dar mais um salto, afirmaram operadores, uma vez que pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no Brasil.
“A verdade é que o dólar não tem motivo para cair. Qualquer queda vai ser um alívio temporário”, disse a operadora de um banco nacional.
O atual momento do mercado de câmbio também fez investidores redobrarem a atenção sobre a intervenção do BC (Banco Central), já que a valorização do dólar tende a pressionar a inflação ao encarecer importados. O sinal mais imediato será o anúncio da rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro, equivalentes a venda futura de dólares.
Atuação do BC
Nos últimos meses, o BC tem feito rolagens parciais e caminha para repor cerca de 60% do lote de agosto, equivalente a 10,675 bilhões de dólares. Operadores têm afirmado que, se mantiver essa proporção para o lote de setembro, o BC sinalizaria que está confortável com o avanço da moeda americana.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total no leilão de rolagem de swaps cambiais. Com isso, já rolou o equivalente a 5,684 bilhões de dólares, ou cerca de 53% do lote que vence no início de agosto, que corresponde a 10,675 bilhões de dólares.
Pela manhã, o dólar chegou a recuar 0,6% sobre o real, em um movimento de ajuste após as altas recentes e em linha com os mercados externos, onde o dólar se desvalorizava em relação às principais moedas emergentes. No entanto, operadores já esperavam que a moeda dos EUA retomasse a trajetória de alta.
Na véspera, a moeda americana avançou 0,50% frente ao real, a 3,3640 reais na venda. (AG)