Sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de dezembro de 2022
A Meta, dona do Facebook, concordou em pagar US$ 725 milhões para encerrar o processo em que é acusada de compartilhar dados de usuários com a consultoria britânica Cambridge Analytica. A empresa, que trabalhou na campanha de Donald Trump para presidência dos EUA, teve acesso a informações de 87 milhões de pessoas que tinham perfil na rede social. O caso foi revelado em 2018.
Os advogados que representam usuários do Facebook disseram que o montante a ser pago pela Meta é o maior já acordado em casos de invasão de privacidade nos tribunais americanos. E o maior valor já pago pela Meta decorrente de um processo.
Em novembro, o órgão regulador da Irlanda – país que é sede do braço europeu da gigante de tecnologia – multou a empresa em € 256 milhões por não ter evitado a coleta automatizada de dados pessoais de mais de meio bilhão de usuários do Facebook.
O acordo acertado com a Justiça americana nesta quinta-feira ainda depende da aprovação de um juiz federal da cidade de São Francisco, onde corre a ação.
A Meta não admitiu ter cometido infrações. A companhia, presidida por Marck Zuckerberg, disse em nota que o acordo foi acertado “em nome do interesse de nossa comunidade e nossos acionistas”.
Também informou que, nos últimos três anos, reformou sua política de privacidade. “Esperamos continuar a oferecer serviços que as pessoas amam e estar na vanguarda da privacidade”.
Em agosto, já havia sido divulgada a notícia de que um acerto entre Meta e os advogados dos usuários seria alcançado, mas seus termos ainda não haviam sido revelados. Um mês antes, o trâmite processual indicava que Zuckerberg teria de comparecer a uma audiência para responder até seis horas de perguntas.
Sheryl Sandberg, chefe operacional da Meta, também seria obrigada a comparecer a uma audiência.
Relembre o caso
Em 2017, um aplicativo divulgava um teste de personalidade no Facebook que acabou sendo baixado por milhares de usuários. Para fazerem o teste, eles tinham que fornecer dados pessoais.
A Meta é acusada de não ter protegido esses dados. Pior: a empresa permitiu que informações de 87 milhões de usuários, inclusive no Brasil, fossem acessados por outras empresas.
Esses dados eram dos cerca de 270 mil que responderam ao teste e incluíam nome, profissão, local de moradia, gostos e hábitos, além da rede de contatos dessas pessoas, o que permitiu que informações de milhões de usuários fossem acessadas consequentemente.
Uma das empresas que acessou os dados foi uma consultoria política britânica chamada Cambridge Analytica — o escândalo ficou conhecido por esse nome.
Os dados vazados foram usados pela consultoria na campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Com eles, foi possível direcionar, de forma mais personalizada, materiais pró-Trump e mensagens contrárias à adversária dele, a democrata Hillary Clinton.
O escândalo, revelado pelo jornal “The Guardian”, detonou a discussão sobre os riscos à segurança de dados pessoais e a influência das redes sociais sobre eleições. As informações são das agências de notícias Bloomberg e Reuters.