O ex-presidente e candidato presidencial republicano Donald Trump acusou em um post nas redes sociais o Departamento de Justiça dos EUA de interferência eleitoral. Em uma postagem nas redes sociais, Trump chamou de “ataque” a divulgação dos detalhes de um processo contra ele no caso do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Na quarta-feira, a juíza Tanya Chutkan do Tribunal do Distrito de Columbia revelou o processo de 165 páginas do promotor especial Jack Smith. O processo expõe as supostas evidências que ele pretende usar em um eventual julgamento contra Trump. O ex-presidente se declarou inocente de todas as acusações feitas por Smith.
Trump criticou o Departamento de Justiça por ter “desobedecido à sua própria regra em favor da interferência eleitoral completa e total”. “No período de 60 dias antes de uma eleição, o Departamento de Injustiça não deveria fazer absolutamente nada que possa manchar ou interferir em um caso”, postou em letras maiúsculas em sua rede Truth Social. “Não fiz nada errado, eles fizeram!”.
A prática do Departamento de Justiça durante um ano eleitoral costuma ser adiar ações importantes em casos que poderiam impactar as eleições durante os 60 dias que antecedem o pleito, mas essa é uma política não oficial.
Não há nenhuma política explícita proibindo o departamento de executar suas funções por um período antes de uma eleição.
Em 2016, poucos dias antes da eleição, o ex-diretor do FBI James Comey escreveu ao Congresso informando que estava investigando os e-mails de Hillary Clinton, uma revelação de última hora que abalou a campanha democrata.
A revelação do processo judicial contra Trump lança luz sobre as interações com o ex-vice-presidente Mike Pence. Os promotores dizem que o ex-presidente agiu como um cidadão privado e candidato quando supostamente pressionou Pence a intervir para impedir ou atrasar a certificação da vitória de Biden no dia 6 de janeiro de 2021.
A divulgação do processo deu início a uma nova rodada de disputas legais sobre a continuidade das acusações ou não baseadas na decisão da Suprema Corte de que os ex-presidentes têm imunidade em alguns casos, como quando estão agindo pelo cargo.
“Embora o réu fosse o presidente em exercício durante as conspirações acusadas, seu esquema era fundamentalmente privado”, argumentou o Gabinete do promotor especial Jack Smith.
O processo detalhou o que chama de “conduta desesperada” de Trump em conversa sobre o perigo físico que Pence enfrentou quando seus apoiadores invadiram o Capitólio, ferindo dezenas de policiais. Depois de ouvir que Pence havia sido levado para um local seguro, um assessor correu para a sala de jantar da Casa Branca onde Trump estava sentado, esperando que ele “tomasse medidas para garantir a segurança de Pence”. Em vez disso, de acordo com o processo, Trump “olhou para ele e disse apenas: ‘E daí?’”
No início desta última semana, Trump pediu a um juiz federal que rejeitasse duas acusações centrais no caso. Os advogados dele argumentaram que a decisão da Suprema Corte exige que a juíza Chutkan rejeite as acusações contra Trump. A defesa argumenta que os promotores não podem mostrar que o ex-presidente não pode ser responsabilizado pela conduta dos manifestantes.
A juíza Tanya Chutkan não anunciou se planeja realizar uma audiência e não definiu uma data para o julgamento. As informações são do jornal Valor Econômico.