No que pode ser considerada uma vitória democrata, o presidente Donald Trump aceitou na sexta-feira (25) assinar uma lei que permite financiar o governo federal por três semanas sem qualquer recurso para a construção do muro que o republicano quer erguer na fronteira com o México.
“Chegamos a um acordo para reabrir o governo”, afirmou o presidente na tarde desta sexta-feira, no jardim da Casa Branca. O presidente lembrou que tinha a opção de declarar emergência nacional, “mas não quis usar desta vez”. “Espero que seja desnecessário”, afirmou.
No pronunciamento, ele agradeceu à população americana e afirmou que vai assegurar que os funcionários que trabalharam sem remuneração recebam seu pagamento.
A lei, que inclui uma extensão do financiamento à segurança na fronteira nos níveis atuais, foi aprovada no Senado e na Câmara na noite desta sexta e enviada ao presidente para assinatura.
A medida não inclui dinheiro para o muro que Trump quer construir na fronteira com o México. O republicano exige US$ 5,7 bilhões (R$ 21,5 bilhões) para a obra.
O muro foi justamente o motivo do impasse que provocou a mais longa paralisação parcial do governo americano, com 35 dias. O presidente se recusava a assinar qualquer medida que não tivesse dinheiro para a obra, e os democratas rejeitavam negociar o assunto enquanto o governo estivesse fechado.
Segundo o presidente, as negociações em torno do muro continuam pelas próximas três semanas. Se os dois lados não chegarem a um acordo “justo” sobre o financiamento à obra, Trump disse que o governo vai fechar novamente após 15 de fevereiro ou que ele pode usar os poderes que possui para declarar emergência nacional.
A medida, controversa, possivelmente seria questionada na Justiça.
“Nenhum plano de segurança de fronteira pode funcionar sem uma barreira física. Simplesmente não funciona”, afirmou o presidente, que, durante a campanha eleitoral, prometeu que o México pagaria pelo muro.
O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, disse esperar que os democratas queiram negociar “de boa fé” nas próximas semanas.
Já o republicano McConnell disse esperar que os democratas queiram negociar “de boa fé” nas próximas semanas.
“A única maneira de nossa fronteira ter segurança verdadeira é se democratas pararem de brincar de jogos partidários e se tornarem sérios sobre negociar com o presidente em um compromisso de longo prazo”, disse. “Os próximos dias vão nos dizer se nossos colegas democratas estão realmente sérios sobre deixar nossa nação segura, se eles realmente queriam dizer o que disseram.”
Para o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, o acordo reabre o governo sem condições pré-determinadas e dá aos dois partidos oportunidade de discutir segurança na fronteira sem manter “centenas de milhares de trabalhadores americanos reféns.”
Na sexta, uma pesquisa do jornal The Washington Post com a emissora ABC News mostrou que a desaprovação pública do presidente subiu cinco pontos percentuais em três meses, para 58%, com a maioria dos americanos considerando Trump e os republicanos responsáveis pela paralisação.
A aprovação ficou em 37% – era de 40% antes das eleições de meio mandato presidencial, em novembro. Além disso, um em cinco americanos disse ter sido pessoalmente afetado pelo apagão.
A pesquisa mostrou ainda que 54% dos entrevistados desaprovavam a atuação da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, durante o apagão –ainda assim, a desaprovação de Trump na questão foi de 60%.
Por causa da paralisação, 800 mil funcionários federais ficaram sem receber o segundo pagamento nesta sexta. Parques nacionais fecharam, e aeroportos tiveram transtornos por causa de agentes de segurança e controladores aéreos que faltaram ao trabalho.