Segunda-feira, 10 de março de 2025
Por Redação O Sul | 1 de junho de 2024
Um dia após tornar-se o primeiro ex-presidente americano a ser condenado criminalmente na História dos EUA, Donald Trump voltou à carga contra o julgamento, que descreveu como “fraudado” durante um pronunciamento de 33 minutos na Trump Tower, em Nova York, no qual afirmou que apelará do veredicto. Sem provas, o republicano de 77 anos alegou que sua condenação criminal trata-se de uma instrumentalização política da Justiça e uma “caça às bruxas”, transformando o discurso em um minicomício ao fazer ataques contra o presidente Joe Biden e seus aliados democratas em meio à sua campanha para tentar voltar à Casa Branca nas eleições presidenciais de novembro.
“Se podem fazer isso comigo, podem fazer isso com qualquer um”, disse Trump aos repórteres convocados para uma entrevista coletiva, mas que se resumiu ao discurso, referindo-se aos integrantes do escritório do promotor distrital de Manhattan, Alvin L. Bragg, que apresentou o caso. “Essas são pessoas ruins. Em muitos sentidos, acredito, são pessoas doentes.”
Depois de sete semanas atraindo a atenção da mídia com o julgamento, Trump alternou seu discurso com falas sobre o processo legal e declarações eleitorais que normalmente faz contra os imigrantes que cruzam a fronteira, os retratando como criminosos violentos e com doenças mentais. Além dos fotógrafos e câmeras de televisão reunidos ao redor de seu pódio, também estavam presentes algumas dezenas de apoiadores – todos funcionários do prédio.
Em seu pronunciamento, Trump reiterou acusações contra o juiz Juan Merchan, descrevendo-o como “altamente conflituoso” e sugerindo que era responsável pelo desfecho do caso.
“No que diz respeito ao julgamento em si, foi muito injusto”, disse o ex-presidente. “Vocês viram o que aconteceu com algumas das testemunhas que estavam do nosso lado, elas foram literalmente crucificadas por esse homem”, disse, referindo-se ao juiz, que, segundo ele, “parece um anjo, mas na verdade é um demônio”.
Mas o veredicto não foi uma decisão de Merchan, mas sim de um júri popular formado por 12 nova-iorquinos que analisaram 34 documentos apresentados no processo: 11 notas fiscais, 12 comprovantes de pagamento e 11 cheques – a sentença, em que Trump pode ser condenado a quatro anos de prisão ou à liberdade condicional, está prevista para 11 de julho. Os jurados consideraram Trump culpado em todas as 34 acusações do caso, que se referiu à falsificação de registros fiscais para encobrir um escândalo sexual que ameaçava prejudicar sua campanha presidencial em 2016.
A quantia, de US$ 130 mil, foi paga por Michael Cohen, ex-advogado e ex-homem de confiança de Trump, à atriz pornô Stormy Daniels para que não revelasse ter mantido uma relação sexual com o magnata. O montando foi reembolsado pelo republicano ao longo de 2017, quando ele já era presidente, em forma de “despesas legais” falsas.
Sem nomeá-lo no discurso, Trump criticou Cohen, a principal testemunha contra ele no julgamento, ao mesmo tempo em que enfatizou que era um “advogado eficaz”, e não uma pessoa encarregada de resolver problemas na ilegalidade, como descrito pela imprensa americana. A promotoria, no entanto, argumentou que Cohen quase não fez nenhum trabalho jurídico para Trump durante o período em que recebeu o dinheiro registrado como despesas legais. O júri concordou.
De volta à campanha
O cenário do discurso sinalizou uma mudança para Trump. Embora ele tenha feitos vários comícios durante o julgamento, seus comentários públicos nas últimas semanas limitaram-se a um corredor monótono do tribunal, que enfatizava seu status de réu. O regresso na sexta à decoração da Trump Tower e o tom do pronunciamento soaram como o anúncio de que seu primeiro julgamento criminal acabou e que está livre para voltar à campanha, ainda que como um criminoso condenado.
Acusado criminalmente em outros três casos, Trump sugeriu que os processos mostram que é um alvo porque luta pelo país, retratando-se mais uma vez como vítima de perseguição política.
“Estou fazendo algo pela nossa Constituição”, disse ele. “É muito importante, muito além de mim. E isso não pode acontecer com outros presidentes, nunca deveria acontecer no futuro.”
O ex-presidente também aproveitou o discurso para citar uma “boa notícia” a seus apoiadores: o fato de que sua campanha arrecadou US$ 34,8 milhões após a condenação, em um sinal da extensão do apoio de sua base à sua candidatura apesar do veredicto. Ele concluiu seu pronunciamento sugerindo que o único julgamento que importava para ele era o das urnas. “Lembre-se, 5 de novembro é o dia mais importante da História do nosso país”, disse Trump. “Obrigado.” As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.