Sábado, 22 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de fevereiro de 2025
Trump considera a Boeing quase uma causa perdida, segundo pessoas próximas a ele.
Foto: ReproduçãoO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, furioso com os atrasos na entrega de dois novos jatos Air Force One, autorizou Elon Musk a explorar opções drásticas para pressionar a Boeing a acelerar o processo, incluindo a possibilidade de relaxar os padrões de autorização de segurança para alguns trabalhadores nos aviões presidenciais. A administração até discutiu a aquisição e adaptação de um jato de luxo durante a espera, segundo cinco pessoas com conhecimento das discussões, que falaram sob condição de anonimato para descrever deliberações confidenciais.
Musk, escolhido por Trump para reduzir os gastos do governo federal, tem sido central nessas discussões – consultando militares, a Casa Branca e a Boeing, disseram as fontes. Trump considera a Boeing quase uma causa perdida, segundo pessoas próximas a ele. Ele frequentemente lamenta o declínio da empresa, questionando em voz alta o que aconteceu com a fabricante de jatos e por que parece incapaz de construir coisas atualmente.
Os dois Boeing 747s altamente modificados atualmente usados de forma intercambiável para transportar o presidente têm mais de 30 anos e requerem manutenção extensiva. Trump vê o Air Force One como um símbolo de poder e prestígio e está enfurecido por iniciar seu segundo mandato voando nos mesmos aviões envelhecidos que transportaram o presidente George H. W. Bush.
Seus comentários públicos assumiram um tom mais sombrio em uma entrevista transmitida na noite de terça-feira (18), no programa “Hannity”, na Fox News. Sentado ao lado de Musk, o presidente criticou a empresa, dizendo: “Quero dizer, eles estão realmente inadimplentes, a Boeing”, antes de acrescentar: “Eles estão construindo isso há séculos. Não sei o que está acontecendo.”
Trump, em uma demonstração clara de sua disposição para explorar outras opções, reservou um tempo no sábado para inspecionar um jato de luxo estacionado no Aeroporto Internacional de Palm Beach. Fotógrafos avistaram o número da cauda do modelo 747-8, que revelou que o avião pertencia, pelo menos até recentemente, à família real do Catar, de acordo com dados de registro.
Não está claro se alguma dessas opções se concretizará. Mas, dependendo de quão extensiva seria a flexibilização dos requisitos de segurança, o custo de acelerar o cronograma de produção dos novos aviões poderia comprometer a segurança do presidente ou a segurança nacional, se não for gerenciado com extremo cuidado.
Executivos da Boeing argumentaram que há uma maneira segura de fazer isso, reduzindo os padrões de segurança para certas categorias de trabalhadores que não mexem nos sistemas mais sensíveis dos aviões. A Força Aérea já se comprometeu contratualmente a pagar à Boeing US$ 3,5 bilhões dos US$ 4,3 bilhões totais reservados para o projeto. Mas a Boeing está pelo menos três anos atrasada no cronograma e já registrou US$ 2,4 bilhões em perdas no contrato.
Decisões tomadas durante o primeiro mandato de Trump são, elas mesmas, um fator no atraso, disseram recentemente ex-oficiais da Força Aérea que ajudaram a gerenciar o programa. O contrato da Boeing para construir os novos aviões foi assinado em 2018 e os aviões deveriam ser entregues originalmente em 2024.
Um porta-voz da Boeing recusou-se a responder perguntas, escrevendo em um comunicado: “Não temos nada a compartilhar.”
Os executivos da Boeing indicaram ao governo que talvez não consigam entregar os novos Air Force One até o final do segundo mandato de Trump. Mas Musk, conhecido por estabelecer prazos agressivos – em alguns casos inatingíveis – em suas empresas, insistiu que pelo menos um dos aviões pode ser entregue dentro de um ano. Oficiais envolvidos no projeto consideram o cronograma de Musk irrealista.
O presidente disse a associados que, se Musk pode lançar um foguete, provavelmente pode resolver um avião. Mas o papel de Musk nesse empreendimento aumenta a lista de muitos conflitos de interesse que ele agora tem com o governo federal. Musk tem mais de US$ 2,4 bilhões em contratos concedidos nos últimos dois anos com a Força Aérea, e sua empresa de foguetes SpaceX compete diretamente com a divisão aeroespacial da Boeing.
(Estadão Conteúdo)