Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2017
O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS/Friboi, foi transferido na manhã desta sexta-feira (15) de Brasília para São Paulo em um avião da PF (Polícia Federal). Segundo o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a transferência para a capital paulista não foi solicitada pela defesa de Joesley, e sim pela própria PF.
Joesley está preso desde domingo (10) por ordem do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal). O magistrado acolheu um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que solicitou a prisão com o argumento de que o empresário, que é delator da Lava-Jato, omitiu do Ministério Público informações importantes em seus depoimentos.
Inicialmente, a ordem de prisão contra Joesley era temporária (de cinco dias). Nesta quinta-feira (14), Fachin converteu a prisão temporária em preventiva (sem prazo determinado). A aeronave da PF que conduziu Joesley para São Paulo decolou por volta das 9h do aeroporto de Brasília. Na quinta-feira, ele e o ex-executivo da J&F Ricardo Saud ficaram calados durante interrogatório na PF.
Os dois foram ouvidos em investigação instaurada por determinação da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, para apurar o episódio envolvendo o conteúdo de conversa gravada entre os dois em que mencionam ministros da Corte. O advogado de Joesley e Saud, Antonio Carlos Castro Machado, o Kakay, disse que orientou os dois a ficarem calados em razão da possibilidade de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rescindir o acordo de delação premiada firmado com o empresário, o que acabou se confirmando depois.
Janot rescindiu o acordo de delação premiada que dava imunidade para os dois em troca de informações e incluiu Joesley e Saud na denúncia apresentada no final da tarde contra o presidente Michel Temer pelos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.
“Desleal”
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro afirmou, em nota divulgada na quinta-feira, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, agiu de forma “desleal e açodadamente” ao denunciar o empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F, e Ricardo Saud, executivo do grupo.
Ambos foram acusados, junto com o presidente Michel Temer, de crime de obstrução de Justiça. A suspeita é de que ambos pagaram o doleiro Lúcio Funaro para que ele não fizesse acordo de delação premiada. A assessoria de imprensa da PGR informou que Janot não vai se manifestar sobre as críticas da defesa dos executivos e de Michel Temer.
Em nota, Kakay afirmou que Janot rescindiu “unilateralmente” o acordo de delação que firmou com o empresário e o executivo, que, em troca das informações que forneceram no acordo de delação premiada, tinham sido beneficiados por imunidade penal, pela qual não poderiam ser processados. A Procuradoria-Geral da República anunciou que o acordo foi rescindido.