Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Carlos Roberto Schwartsmann | 31 de maio de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Na pratica médica inicial é muito comum confundir “sinal” e “sintomas”. Na verdade, são manifestações distintas que nos encaminham e nos induzem aos mais diferentes diagnósticos.
A palavra sintoma vem do latim: SIN (junção) TOMO (pedaços) significa “juntar as peças” isto é juntar pedaços a procura da existência de algo.
É uma queixa referida pelo paciente. É uma sensação anormal. É subjetiva pois não pode ser mensurada. É sujeita a interpretação do próprio paciente. Varia enormemente com a formação cultural e com o estado psíquico do paciente.
Exemplos clássicos de sintomas: dor, cansaço, insônia, náuseas, cólicas, coceira, astenia, ansiedade, formigamento, fraqueza etc.
A palavra sinal vem do latim “SIGNALIS” que significa “indício”. É uma indicação objetiva que pode ser observada por um ou vários examinadores: Palidez, edema, cianose, tosse, febre, sufusão hemorrágica, icterícia, taquicardia e etc.
O sintoma mais comum é a dor. É o alarme que Deus inventou para avisar-nos que no nosso corpo há algo errado. Existe um sofrimento tecidual. E o motivo mais comum pelo qual o paciente procura assistência médica. Entretanto nem sempre o cérebro interpreta dessa maneira. Bom exemplo se registra na “dor fantasma” que ocorre em 60% dos casos dos pacientes que tiveram seus membros amputados. O paciente pode se queixar de dor no pé que não existe mais!
Na realidade a definição exata do significado de dor é imprecisa: “Dor é uma experiência sensorial, emocional, desagradável associada a dano tecidual real ou potencial” ou: “Dor é uma qualidade sensorial que avisa o cérebro que mecanismos de defesa ou de fuga devem ser adotados”.
Se o conceito não é claro e discutível todos os estudiosos concordam que fatores psicogênicos, mentais e emocionais estão intrinsecamente aderidos a sua origem.
Já antes de cristo, o filosofo grego Cicero cientificou: “Happiness is absence of pain” (“felicidade é ausência de dor”) Significa dizer que nada pode ser mais prazeroso do que não ter dor!!
A dor faz parte das nossas emoções e do nosso psiquismo. É altamente influenciada pelo nosso sofrimento, raiva, angustia, tristeza e solidão. Mas nenhum dos sentimentos produz tanta dor quanto o amor ou o desprezo do desamor.
Um secular provérbio diz que “ a maior dor que existe é a dor do amor” outro diz “ dor que não é de amor o remédio elimina” Isto é, tratável.
Entretanto em propedêutica médica a dor, por mais conhecida ou desconhecida que seja, é apenas um sintoma. A dor poderá ambicionar créditos maiores, mas jamais será um sinal.
Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
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