Quarta-feira, 09 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2023
O início da operação para retirada do garimpo da Terra Indígena Yanomami pelo governo federal foi marcado pela denúncia de mortes de três indígenas e de um garimpeiro na reserva, apesar da expectativa do ministro da Justiça, Flávio Dino, de que o processo fosse pacífico.
A PF (Polícia Federal) enviou equipes à reserva e encontrou um jovem indígena morto e outro ferido por garimpeiros na região de Homoxi, informou na segunda-feira (6) a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, em entrevista coletiva em Roraima. A ministra foi informada de outros dois assassinatos, na região de Parima
Segundo contou Guajajara, o morto e o ferido receberam tiros no abdômen. Os dois são da região de Haxiú. Testemunhas da comunidade contaram que as mortes ocorreram de sexta para sábado e em um conflito com garimpeiros, segundo a ministra.
O ferido foi levado no helicóptero da FAB (Força Aérea Brasileira) para um hospital em Boa Vista. A PF vai abrir inquérito para apurar as causas do homicídio e da tentativa de homicídio e quem são os autores dos crimes, informou Guajajara.
“Foi encontrado um corpo no meio dos garimpeiros e mais um ferido. O corpo foi entregue para a família para fazer o ritual fúnebre próprio da cultura, e o ferido está sendo removido para o atendimento de saúde. É uma situação de urgência e emergência permanente”, disse a ministra.
Guajajara disse que os corpos dos outros dois assassinados na região de Parima permaneceram na área, que é de mata fechada, o que exige a ajuda dos yanomami para ser alcançada.
A ministra descreveu como destruidora a presença do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. “O que está sendo noticiado ainda está longe de mostrar a realidade ali, com essa presença tão forte de garimpeiros, com uma grande destruição no território. É muito garimpo, garimpo infinito, o território está todo tomado por garimpeiros, por destruição, por contaminação na água. Os yanomami não têm como beber água, não têm água limpa para beber”, afirmou.
A FAB anunciou a reabertura parcial do espaço aéreo sobre a Terra Indígena Yanomami, em Roraima, para permitir a saída coordenada e espontânea de garimpeiros que atuam ilegalmente na região. A medida começou a vigorar na segunda-feira (6) e vai durar uma semana, seguindo até a próxima segunda-feira (13). Segundo a FAB, foram criados três corredores aéreos. As aeronaves terão autorização de voo desde que se mantenham dentro dos limites laterais e verticais estabelecidos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (7), por meio do Twitter, que o governo não permitirá garimpo em terras indígenas. Na mensagem, Lula informou que está sendo realizado um processo de retirada de garimpeiros ilegais em Roraima.
“Não vamos permitir garimpo ilegal em terras indígenas. Estamos em um processo de retirada de garimpeiros ilegais em Roraima. A situação que se encontram os Yanomami perto do garimpo é degradante. Precisamos apurar também a responsabilidade do que aconteceu”.
No post, o presidente ressaltou que há 840 pistas de voo clandestinas, das quais 75 são perto de terras Yanomami. “Não é possível não enxergar isso. Quem permitiu isso, tem que ser responsabilizado”, disse Lula.
Segundo o presidente da República, o controle das terras indígenas será reestruturado com a participação de prefeitos e governadores. “Vamos tentar criar uma nova dinâmica, para ter os resultados que a sociedade brasileira deseja”, afirmou. As informações são do jornal O Globo e da Agência Brasil.