Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de setembro de 2018
Um vídeo gravado nas eleições municipais de 2016 voltou a “viralizar” no WhatsApp e nas redes sociais como suposta comprovação de fraude nas urnas eletrônicas. As imagens mostram fiscais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) procurando – sem sucesso – as “mídias” das urnas, que deveriam estar nos envelopes, enquanto uma outra pessoa filma tudo. Segundo especialistas em “fake news”, a postagem é enganosa.
Uma postagem feita por um usuário do Facebook afirma que “envelopes que deveriam conter as mídias, estão vazios”. Menores de idade manuseando envelopes onde deveriam estar as mídias, pessoas sem identificação. Mídia é praticamente o cartão de memória onde se computam os votos. Se não estão lá é porque alguém já está fraudando os votos para as eleições para o candidato comunista”.
A postagem do vídeo no Facebook foi feita no dia 17 de setembro, e na manhã do dia 26 já passava dos 29 mil compartilhamentos e 1,5 mil comentários.
O caso ocorreu na cidade de Extrema (MG), nas últimas eleições para prefeito. Segundo a Justiça Eleitoral do município, a questão surgiu em função de um presidente de seção acondicionar a mídia de resultado de uma urna eletrônica no envelope errado. “Em vez de colocar no envelope específico [branco], colocou em outro [pardo]”, explicou o TRE-MG (Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais).
O post de 2018 não diz o local em que o vídeo foi filmado. Porém, no diálogo das pessoas, é possível discernir dois locais que serviam de local de votação: Odete Valadares e Dom Bosco. Uma busca rápida no Google aponta que esses locais são duas escolas que existem na cidade de Extrema, em Minas Gerais.
Outro caso
Um primeiro vídeo, publicado no YouTube um dia antes do post que motivou a investigação (16 de setembro), diz que o mesmo foi feito por “Reinaldo candidato a prefeito de Estrela (sic), na época viu o que estava acontecendo e começou a gravar o flagrante”.
Essas informações remetem a Reinaldo de Andrade, que foi candidato à prefeitura de Extrema pelo PSD em 2016. Não há os vídeos originais nas suas redes sociais, mas em outro vídeo, de 5 de agosto deste ano, no qual Reinaldo conta toda a história e confirma que foi ele quem filmou as ações no cartório eleitoral de Extrema.
Jornalistas e especialistas entraram em contato com o TRE-MG, que confirmou que “quando o material chegou na junta apuradora e a mídia dessa urna não foi encontrada no envelope branco, o candidato a prefeito Reinaldo filmou a ação da procura da mídia e, em seguida, deu repercussão ao caso nas redes sociais”.
De acordo com o TRE-MG, Reinaldo protocolou na ocasião uma reclamação na PF (Polícia Federal) em Varginha (Sul de Minas, mesma região de Extrema), que encaminhou por sua vez ao Ministério Público – que não viu qualquer indício de irregularidade e pediu arquivamento do caso. O juiz eleitoral então arquivou o processo.