Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de junho de 2019
É falso que o Telegram tenha comunicado, no Twitter, que a conversa entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol publicada pelo site The Intercept Brasil foi manipulada. Uma publicação no Facebook faz uma montagem com um tuíte em que a empresa informa que não há evidências de que o aplicativo tenha sido hackeado.
A publicação enganosa contém diversos erros de ortografia, como na frase “admitimos que foram mudadas o texto por rackers”. Além disso, o tuíte falso tem mais caracteres do que é permitido publicar na rede social – são 320, e o máximo por publicação é 280.
O Telegram informou, no Twitter, que é provável que os diálogos entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o procurador da República Deltan Dallagnol tenham sido obtidos por meio de um malware (software clandestino) ou por falta de uma etapa extra de segurança, a verificação em dois fatores.
Após a publicação do site The Intercept Brasil, muitos boatos sobre o caso circulam nas redes sociais. O jornal O Estado de S.Paulo desmentiu que um dos jornalistas responsáveis pela reportagem, Glenn Greenwald, tenha sido acusado de “atentar contra a segurança pública do Reino Unido”; e mostrou que havia versões falsas das conversas vazadas sendo compartilhadas na internet.
Novo telefone presidencial
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) finalmente decidiu usar os celulares criptografados da Abin, a Agência Brasileira de Inteligência. A decisão foi tomada após os vazamentos dos diálogos entre o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, pelo jornal The Intercept Brasil. A suposta invasão generalizada a aparelhos de outras figuras do Legislativo brasileiro também influenciou na mudança de telefones, que é especulada desde que Bolsonaro assumiu o posto no Palácio do Planalto.
Mas como funciona o celular da Abin? Em primeiro lugar, é importante saber que apenas o presidente, o vice-presidente e ministros do Estado têm acesso a esses aparelhos protegidos, que podem ser usados ou não, por livre opção. Os líderes podem operá-lo de acordo com suas necessidades funcionais, mas a comunicação protegida por criptografia só pode ser realizada entre aparelhos similares. E essa não é a única restrição de segurança do dispositivo.
O telefone em si é desenvolvido pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) – a tecnologia que o envolve é de autoria da Abin. Ele também não permite a instalação de aplicativos como o Whatsapp, Telegram, Twitter e Facebook, frequentemente utilizados pelo presidente e demais autoridades públicas, até mesmo para tratar de assuntos confidenciais. Um suposto vazamento de mensagens seria, inclusive, evitado com os mecanismos de proteção e criptografia do aparelho.
Telefone criptografado é sinal de segurança
Camilo Gutierrez, chefe do Laboratório de Pesquisa da Eset América Latina, empresa especializada em cibersegurança, lembra da importância da criptografia da comunicação nestes casos. “O fato de não utilizar um aparelho com as informações criptografadas pode deixar exposto seu conteúdo antes do acesso indevido a ele. Ou seja, se alguém conseguir acessar o celular, poderá obter as informações nele armazenadas. No final, as tecnologias criptográficas ajudam a garantir a privacidade das informações”, disse.
Atualmente, o próprio Whatsapp possui uma criptografia de ponta a ponta, o que protegeria as mensagens em caso de invasão. No entanto, como as pessoas costumam fazer o backup do conteúdo em nuvens (como Google Drive e Dropbox, por exemplo), ele fica vulnerável por meio de outras plataformas. Há ainda o recurso da confirmação em duas etapas – todas as vezes em que o número de telefone associado ao aplicativo tiver de ser verificado, o usuário terá de inserir um código de seis dígitos criado por ele.