O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu nesta quarta-feira (13) a necessidade de reorganizar o Mercosul para trazer a Argentina de volta à mesa de negociações, depois de o país vizinho anunciar no mês passado que deixará de participar das conversas em andamento para futuros acordos comerciais do bloco.
Em transmissão online com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Mourão defendeu ainda que o governo do presidente Jair Bolsonaro não pode abandonar os esforços feitos por gestões anteriores de integração com os países do Mercosul, bloco formado por, além de Brasil e Argentina, Paraguai e Uruguai.
“Precisamos dar uma reorganizada aqui no Mercosul, até a própria questão política tem contaminado esse nosso relacionamento, temos que dar uma reorganizada nisso e trazer a Argentina de volta para o jogo”, disse Mourão, que enfatizou que, paralelamente ao Mercosul, o Brasil não deve deixar de lado a busca por acordos comerciais bilaterais.
“É óbvio que o Brasil se reserva ainda a sua capacidade de fazer acordos bilaterais, mas é algo que foi exaustivamente trabalhado pelos nossos antecessores, essa integração dos quatro países, eu vejo que a gente não pode abandonar pura e simples”, defendeu.
No mês passado, o governo argentino informou aos demais países do bloco que não irá participar das negociações em andamento para futuros acordos comerciais do bloco, mantendo apenas as que já estão em conclusão com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA).
De acordo com Mourão, o Mercosul vem negociando acordos comerciais com países como Canadá, Coreia do Sul e Cingapura. Ele defendeu que o bloco sul-americano estabeleça negociações também com países árabes.
Programa Pró-Brasil
O programa Pró-Brasil, que prevê investimentos do governo em obras públicas como forma de retomar a atividade econômica após a pandemia do coronavírus, deve ficar pronto entre agosto e setembro, disse Mourão.
“Como parte do planejamento do que podemos chamar de day after da pandemia, o governo federal tem entre seus projetos o programa Pró-Brasil, que vem sendo elaborado sob coordenação da Casa Civil, já teve as suas duas primeiras reuniões e deverá estar pronto entre o final de agosto e o início de setembro”, afirmou Mourão.
Mourão enfatizou que o governo do presidente Jair Bolsonaro segue comprometido com o ajuste das contas públicas e disse que o Pró-Brasil prevê tanto investimentos públicos em obras, como também parcerias com a iniciativa privada.
Coordenado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, que assim como Mourão também vem do meio militar, o anúncio do Pró-Brasil incomodou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que é contrário a um maior gasto do governo com obras, preferindo a concessão delas ao setor privado. As informações são da agência de notícias Reuters.