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Saúde É possível ter “medo” de dormir? Para algumas pessoas, sim: conheça a somnifobia e seus efeitos

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Problema pode estar relacionado à associação persistente entre o sono e a morte, além de traumas e condições de saúde preexistentes. (Foto: Freepik)

Dormir, em teoria, parece uma tarefa fácil: basta apagar a luz, se aconchegar na cama e deixar o corpo fazer o resto. Mas, na prática, cair no sono exige algo mais profundo — é preciso se permitir desligar, soltar o controle, dar uma pausa na consciência e sair do ar por algumas horas. Para muita gente, só de imaginar dá uma sensação boa. Para outras, no entanto, esse ritual “natural” é motivo de medo — no sentido literal da palavra.

Quem explica é o pneumologista Geraldo Lorenzi, coordenador do laboratório do sono da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, o medo irracional e persistente de dormir é uma fobia, ou seja, um tipo de transtorno de ansiedade marcado pelo medo desproporcional e difícil de controlar, e tem nome: somnifobia.

Com o tempo, o medo de dormir pode levar à insônia crônica, diz especialista Foto: Dan Race/Adobe Stock
Isso não quer dizer que pessoas com somnifobia não sintam sono. Pode até haver episódios de insônia, mas há casos em que, mesmo com sono, o indivíduo evita dormir. E aí vale tudo para se manter acordado: TV ligada, celular na mão, luz acesa, tarefas repetitivas… qualquer coisa para segurar o sono ao máximo, muitas vezes até a exaustão vencer.

Causa e sinais

Segundo Lorenzi, para compreender esse receio, é preciso dar alguns passos para trás e entender como funciona nosso ciclo sono-vigília.

Durante o dia, estamos em estado de alerta — conversando, trabalhando, nos movimentando. Tudo isso por causa de milhões de neurônios que disparam sinais elétricos o tempo todo. Mas esse sistema não segue em linha reta o dia inteiro. Conforme o tempo passa, o corpo desacelera, os neurônios disparam menos, o cansaço bate e o sono começa a chegar.

Mas a passagem da vigília para o sono não é um caminho suave e contínuo. “É um salto”, descreve o professor. “Nesse momento, é como se você caísse em um buraco porque o seu ‘eu’ simplesmente se entrega a outro estado de consciência. Esse pode ser um momento de muito medo porque, de certa forma, se assemelha à própria morte. Inclusive, muitos pacientes afirmam que o medo de dormir vem do medo de morrer”, complementa.

Esse medo pode se intensificar em algumas situações. Pessoas com doenças graves, como câncer, podem desenvolver somnifobia por associarem o sono a um risco real de morte. Ele também pode surgir após experiências negativas durante o sono, como pesadelos intensos, paralisia do sono, episódios de sonambulismo ou apneia obstrutiva — condição em que a pessoa para de respirar por alguns segundos durante a noite. “A garganta fecha, a pessoa ronca, para de respirar, acorda assustada e começa a associar o sono ao sufocamento”, explica Lorenzi.

De acordo com a psicóloga Débora Genezini, coordenadora dos ambulatórios de oncologia da Rede D’Or São Paulo, o mesmo pode acontecer com pessoas que passaram por situações traumáticas, como ter um familiar que sofreu um acidente durante a noite e não ouviu o celular tocar, ou que já viveram em ambientes inseguros, como vítimas de violência doméstica. Quem perdeu alguém próximo por morte súbita durante o sono também pode desenvolver um medo persistente de adormecer, temendo que o mesmo aconteça consigo ou com outra pessoa da família.

Além disso, há casos em que esse medo se mistura com pensamentos obsessivos, como os do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). A pessoa acredita que, antes de dormir, precisa cumprir uma série de rituais — pensamentos, comportamentos ou orações — e que, se não realizar a tarefa da maneira certa, algo ruim pode acontecer. “Tive uma paciente que desenvolveu isso depois que o pai morreu dormindo, de forma súbita. Para ela, dormir virada para o lado esquerdo era essencial, senão acreditava que podia morrer também”, conta a psicóloga.

O problema pode ser tão intenso que as pessoas podem se sentir ansiosas só de pensar em dormir ou olhar para o pijama. E o corpo também pode responder, com sintomas como coração acelerado, sudorese, calafrios, falta de ar, tensão muscular, náuseas e dor de estômago.

Impactos

Antes de falar dos impactos, é importante destacar que dormir não é apenas questão de descansar o corpo e “desligar” o cérebro.

Segundo Lorenzi, o sono é um processo ativo e cheio de etapas. Um dos momentos mais curiosos da noite é o chamado sono REM (sigla em inglês para Rapid Eye Movement, ou movimento rápido dos olhos). Nesse estágio, o cérebro está “a mil por hora”, mas o corpo fica completamente relaxado. “É o período em que os sonhos costumam aparecer e tem um papel fundamental na reorganização cerebral, nas emoções e até na forma como consolidamos memórias”, explica.

Pessoas que possuem receio de dormir não têm apenas dificuldade de “desligar”, mas também de alcançar essa camada mais profunda do descanso, diz a neurologista Dalva Poyares, pesquisadora do Instituto do Sono. O resultado é aquele sono superficial e interrompido. A longo prazo, isso pode gerar desgaste mental, sintomas de depressão, ansiedade, crises de pânico, problemas de memória e para tomar decisões. (Com informações do Estado de S.Paulo)

 

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