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Rio Grande do Sul “É preciso repensar o RS após a catástrofe”, diz o empresário gaúcho André Johannpeter

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Para empresário, enchentes podem ser oportunidade para um futuro mais sustentável. (Foto: Divulgação/Gerdau)

O empresário gaúcho André Bier Gerdau Johannpeter está monitorando continuamente as condições climáticas e os esforços para reconstrução do Rio Grande Sul, recém-abatido pela maior enchente de sua História e berço do grupo siderúrgico fundado por seu tataravô.

Pela janela do apartamento onde mora, em Porto Alegre, o ex-presidente da Gerdau e hoje vice-presidente do conselho de administração viu que o dia escureceu e voltou a chover pesado. “Ainda estamos na catástrofe”, disse, em entrevista ao Valor na semana passada.

Apesar de o momento exigir ações emergenciais e pesados investimentos para restabelecer o quanto antes a infraestrutura básica, Johannpeter tem também um olhar para o futuro, após toda essa devastação. Para o empresário, o Estado pode se tornar exemplo de reconstrução sustentável, minimizando impactos climáticos.

“É preciso repensar o Rio Grande do Sul. Talvez o Estado possa ser um ‘case’ de como recomeçar e, ao mesmo tempo, conscientizar o mundo de que as mudanças climáticas estão aí”, disse. Com algo entre 50% e 60% de seu Produto Interno Bruto (PIB) afetado pela calamidade, o Estado ainda carece de ações emergenciais, mas as discussões sobre como será a reconstrução já estão em curso, e será preciso dar tempo para que essa tarefa seja cumprida.

O empresário defende um plano eficiente e sustentável de reconstrução, sobretudo porque eventos climáticos extremos tendem a se tornar cada vez mais frequentes. “Se construirmos tudo nos mesmos lugares, do mesmo jeito, provavelmente, na próxima chuva, podemos ter de novo uma catástrofe”.

Inspirações não faltam. Na Holanda, o programa “Room for the River” (“Espaço para o Rio”, em tradução livre) foi desenvolvido em resposta às inundações causadas pelos rios Reno e Meuse, em 1995, que levaram à evacuação de mais de 200 mil pessoas. “Ao invés de trancar a água, você cria um projeto de diques, aumento das margens dos rios e canalização para que a água encontre seu espaço”, lembrou.

A cidade americana de Nova Orleans é outro exemplo. Após a devastação causada pelo furacão Katrina, em 2005, foram investidos mais de US$ 14 bilhões, cerca de R$ 70 bilhões, entre doações e dinheiro público, no sistema de proteção contra furacões e inundações. As medidas incluíram novos sistemas de diques e bombas de água além da elaboração de um plano de contingência.

Apesar dos esforços e investimentos, a população de Nova Orleans encolheu 20%, depois que 100 mil habitantes abandonaram a cidade por não terem mais onde morar. Um dos temores de Johannpeter é, justamente, que essa situação se repita no RS. “Se não houver um programa que dê esperança para as pessoas ficarem e reconstruírem suas vidas, elas podem ir embora”.

Há outras potenciais soluções, como as cidades-esponja implantadas na China, nos Estados Unidos, na Dinamarca e na Alemanha, que consistem na adaptação de espaços urbanos para que existam locais capazes de deter, limpar e infiltrar águas. A tecnologia existe, mas demanda investimentos elevados. “Precisamos pensar em um grande projeto, que seja duradouro, repensar a maneira de reconstruir. É possível fazer um bom trabalho”, disse.

Do lado da conscientização sobre as mudanças climáticas, Johannpeter avalia que, embora os países desenvolvidos estejam mais adiantados rumo às metas de descarbonização, é possível adotar medidas eficazes também em outras regiões. Nesse sentido, há duas grandes missões derivadas da destruição de parte relevante do Rio Grande do Sul: transformar o Estado em um ‘case’ de reconstrução, buscar ajuda e reforçar a mensagem de que é preciso cuidar do planeta, numa tentativa global de mitigar os impactos da crise climática.

Dentro de casa, as propostas e ações se proliferam. Membro da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Johannpeter diz que a campanha de estímulo ao consumo de produtos gaúchos neste momento, uma espécie de “Buy RS” em caráter emergencial, tem potencial de contribuir para o fortalecimento da economia local.

A entidade levou ao governo federal mais de 40 pedidos, de diferentes naturezas, para apoiar a retomada do Estado, que já começaram a trazer resultados efetivos. Segundo informação da Agência Brasil, um mês depois da atuação da força-tarefa do governo federal, R$ 62,5 bilhões haviam sido destinados em caráter emergencial para o Rio Grande do Sul, com vistas a socorrer a população atingida pelas enchentes. O governo também antecipou benefícios e prorrogou o pagamento de tributos.

Junto com outros empresários e executivos proeminentes do Sul, incluindo Daniel Randon, Bruno Zaffari, José Galló e Gabriela Schawn, Johannpeter tem atuado por meio do Transforma RS para mobilizar empresas locais e de fora do país. A organização já atuava em parceria com o poder público, contribuindo com melhores práticas de gestão. Agora, com a calamidade e o recebimento de recursos vultosos, é preciso saber geri-los e alinhar os esforços vindos de diferentes lados, acrescentou.

“A gente olha muito o que foi feito na pandemia para que as empresas retomassem os trabalhos. Mas há um desafio adicional: a economia precisa começar a rodar para gerar arrecadação. É importante entrar dinheiro novo, capital de giro para as empresas, porque é isso que vai fazer a economia e o Estado rodarem”. As informações são do Valor.

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https://www.osul.com.br/e-preciso-repensar-o-rs-apos-a-catastrofe-diz-o-empresario-gaucho-andre-johannpeter/ “É preciso repensar o RS após a catástrofe”, diz o empresário gaúcho André Johannpeter 2024-06-03
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