Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Flavio Pereira | 9 de julho de 2021
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Uma movimentação incomum reproduziu ontem nas redes sociais, diálogos indicando a intenção de um grupo de pessoas em promover um novo atentado ao presidente da República, Jair Bolsonaro, na sua visita ao Rio Grande do Sul que inicia nesta sexta-feira. Os diálogos, a partir da insatisfação de um suposto cozinheiro do hotel onde o presidente participará de um evento em Bento Gonçalves, sugerem envenenamento e outras formas de eliminação física de Jair Bolsonaro. A movimentação merece preocupação, em especial, porque se trata de um presidente que já sofreu um grave atentado em setembro de 2018, cuja apuração e verdadeira autoria até hoje ainda guardam alguns mistérios.
Dois pesos
Como em ocasiões anteriores, ameaças concretas contra a honra e a vida do presidente da República Jair Bolsonaro e de seus familiares não causaram nenhuma comoção em instituições e órgãos que costumeiramente montam com agilidade redes de solidariedade e apoio a outros episódios, quando estes envolvem militantes da esquerda. Tanto assim, que o ministro André Mendonça, atual advogado-geral da União e futuro integrante do STF, vem sendo acusado de ter agido em desacordo com as normas democráticas, ao determinar como ministro da Justiça, o uso da Lei de Segurança Nacional para abrir inquéritos contra pessoas que atentaram contra a honra ou colocaram sob risco a vida do presidente da República.
Críticas ao STF são “atentados à democracia”
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal, através dos ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, deu-se ao trabalho de elaborar um inquérito que juridicamente não parava em pé para punir cidadãos que, em redes sociais, faziam duras criticas à Suprema Corte e defendiam inclusive o impeachment de alguns de seus ministros, dentro do suposto direito constitucional à livre manifestação. O episódio foi visto como uma grave ameaça à democracia, com prisões, bloqueio de contas virtuais e proibição de manifestações públicas dos alvos. Há poucos dias, o ministro do STF Alexandre de Moraes conseguiu desvencilhar-se do inquérito caótico e determinou a abertura de dois novos procedimentos conexos. Segundo a decisão, o “novo” inquérito apurará “a presença de fortes indícios e significativas provas apontando a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político absolutamente semelhante àqueles identificados no inquérito 4.781, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.
Como seria se o alvo fosse outro?
Resumidamente, temos dois casos: uma articulação em rede social com o propósito claro de assassinar o presidente da Republica recai invariavelmente no “direito de livre expressão” no atual ativismo judicial. Outra conversa mais leve em redes sociais, criticando duramente a atuação de ministros do STF e defendendo que sejam expurgados da Suprema Corte é visto como “atentado à democracia e ao Estado de Direito”.
Imagine o prezado leitor, um diálogo em redes sociais tramando o assassinato de algum Supremo Ministro rigorosamente nos mesmos termos como ocorre com frequência contra o presidente da República. Como o tema seria tratado pelos sensíveis ministros do STF?
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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