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É verdade que há “guerra santa”?

Nestes anos de 2022 e 2023, o mundo todo tem voltado as atenções ao andamento das guerras na Ucrânia e na faixa de Gaza. (Foto: Reprodução)

Enfim, depois de marchas e contramarchas, os senhores de guerra combinaram um “cessar fogo” de seis (quatro mais dois) dias.

Tal ocorreu depois que os israelenses, empregando todo o seu potencial bélico, já tinham despejado um poderio armado que estimulou os “alucinados” do Hamas, identificados, circunstancialmente, pelos seus ataques, de planejada surpresa, que, em tempos não distantes, Israel também utilizara.

Hoje, pela fúria da letalidade dos armamentos com que se apropriaram do poder nuclear e que, por obscuros caminhos de negociação do e no “mundo não legal” e de um espaço que se mede pelo poder em que gravitam os que dispõem de recursos e conhecimentos cada vez mais intimidantes, tem eles maior poder de matar no atacado.

É alarmante a nossa capacidade de absorver, sem preocupado espírito crítico, o continuado noticiário de que a modernidade informativa nos dá conta de quanto mais se avança na potencialidade destrutiva de um ou de um conjunto de países. Faz-se pertinente constatar que o mercado internacional de armamentos é o líder internacional de valores prescritos na rubrica identificável pelo legalmente exigível, mas também é o lamentável dominador das negociatas além fronteiras, onde impera a macro corrupção. Ela que, muitas vezes, apodrece a elite diretiva pública (sem excluir a criminalidade do mundo privado), a faz volumosamente alimentada da apodrecida metástase que, há muito tempo, chega a lidar com uma sociedade em que muitos meritíssimos esqueceram que assassinar a ética é o verdadeiro suicídio de uma sociedade que acredita no inacreditável e, de certa maneira, vive no premiar os “vencedores”, não importa como e por que o serão.

Quem acredita que se denomina impiedosamente guerras deflagradas e hoje assumidas, na Ucrânia, no Afeganistão, no Congo e, há longo tempo, a “criminosamente” chamada de Guerra Santa, é bom que apercebam que as potências do nosso tempo são poderosas. Fornecendo armas (vendendo-as, é claro) aos que se creem seus parceiros e que, por sua vez, no seu território (ou no do vizinho) matam e morrem por “amigos” poderosos que estarão sempre dispostos a fornecer, a frágeis parceiros, as armas que estimulam a matar e facilitam o morrer.

Carlos Alberto Chiarelli foi ministro da Educação e ministro da Integração Internacional

E-mails para carolchiarelli@hotmail.com

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