Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de agosto de 2017
Nesta segunda-feira, cidades dos Estados Unidos, localizadas de leste a oeste do território norte-americano, verão por cerca de três minutos um “sol negro”. Moradores e turistas terão a oportunidade de assistir a um eclipse solar total – o último foi visto no país em 1991. No Brasil, o eclipse também poderá ser observado, mas apenas de forma parcial nas regiões Norte e Nordeste.
Quanto mais ao Norte do País, mais coberto estará o sol no momento do fenômeno astronômico: em Oiapoque, no Amapá, será possível ver o sol ser eclipsado em 55% pela Lua. Entre as capitais brasileiras, os melhores lugares para se ver o fenômeno são Macapá, Fortaleza, Belém, São Luís, Boa Vista e Natal, em que os habitantes verão entre 36% e 40% do Sol tampado pela sombra lunar. Quem estiver em Manaus verá apenas 21% do sol escondido.
O fenômeno poderá ser visto no céu brasileiro entre 16h e 18h, sendo que o seu ápice acontecerá às 17h. O astrônomo Gustavo Rojas, professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), afirma que somente quando este índice é superior a 10% é possível perceber o fenômeno – em Salvador, a Lua ocultará o Sol em 12%.
Como observar
Rojas diz que é preciso cuidado na observação do eclipse solar, mesmo quando ele não ocorre em sua totalidade, ressaltando que o uso de óculos escuros normais não são recomendados. Como solução “caseira” aos brasileiros, ele recomenda o uso dos óculos de máscara de soldador com a tonalidade mais escura, número 14. Placas de raio X e os antigos filmes fotográficos não são recomendados pelo astrônomo. “Esses materiais carbônicos não bloqueiam a luz do sol. É um perigo porque você pode bloquear a luz visível, mas deixar passar a luz infravermelha. E o calor vai acabar cozinhando seu olho”, diz.
A última vez em que um eclipse solar total pôde ser observado no Brasil foi em 3 de novembro de 1994. Já a próxima oportunidade de brasileiros observarem o fenômeno em sua totalidade será apenas em 12 de agosto de 2045 –moradores da região Norte (Amapá e Pará) e do Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco) serão contemplados com o evento astronômico. Antes desta data, porém, será possível ver outros eclipses solares parciais: o próximo será em 2 de julho de 2019.
Coroa solar
“O fato desse eclipse estar cruzando o território norte-americano é uma oportunidade fantástica para os moradores deste país, que é muito populoso”, diz o professor da UFSCar. A ocorrência de um eclipse solar é uma oportunidade única para que cientistas façam estudos sobre o Sol: a Nasa anunciou que 11 investigações científicas serão realizadas no dia 21. Destas pesquisas, seis terão a coroa solar como foco. Será uma chance única, já que o ‘sol negro’ se deslocará pelo território norte-americano por quase 90 minutos, oferecendo aos astrônomos uma oportunidade e tanto para que medições científicas sejam realizadas a partir do solo.
“Durante muito tempo, a única forma que os astrônomos tinham para estudar a coroa solar era quando acontecia um eclipse”, diz Rojas. Ele afirma, no entanto, que com o avanço da astronomia espacial este estudo passou a ser possível com satélites lançados ao espaço. Porém, estudos mais detalhados da coroa precisam ser feitos a partir da Terra. “Para fazer uma espectrografia de altíssima resolução, não dá para fazer do espaço porque o equipamento é muito grande”. E esta oportunidade, os astrônomos norte-americanos não irão desperdiçar.