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Mundo Economia da Argentina tem queda de 3,9% em junho, pior que as expectativas; entenda por quê

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O consumo e as principais indústrias do país continuam sofrendo com os impactos das medidas econômicas do presidente Javier Milei. (Foto: Reprodução)

A atividade econômica da Argentina recuou 3,9% em junho em comparação com o mesmo mês do ano passado, mostraram dados oficiais do país divulgados nesta semana. A contração da economia foi pior do que as projeções de mercado apontavam.

De acordo com pesquisa da agência de notícias Reuters, a média das estimativas era de uma queda de 1,9%. Nem a pior das projeções neste levantamento, que previa encolhimento de 3,2%, chegou aos 3,9% de baixa registrados.

O resultado vem após a economia argentina apresentar uma alta anual de 2,3% em maio, num movimento raro, já que o país vinha de seis meses consecutivos de quedas na atividade econômica.

Naquele mês, a alta foi puxada pelo setor agrícola e pecuário, que disparou 100% na relação anual, superando um período de secas severas no ano anterior, que prejudicou as plantações.

Em junho, o setor continuou crescendo e acumulou uma alta de 82%. Apesar disso, a Argentina não teve forças para continuar crescendo, refletindo as medidas de controle de inflação do presidente Javier Milei, que afetaram o consumo da população e outros setores importantes da economia.

O setor de construção, por exemplo, despencou 24% na comparação anual, enquanto a atividade industrial caiu 20%.

Ajustes

Após assumir a presidência, em dezembro passado, Javier Milei promoveu uma série de ajustes que levaram a um “choque na economia”. As tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais deixaram de ser subsidiadas pelo governo, o que promoveu um aumento expressivo nos preços.

Além disso, o presidente também paralisou obras federais e interrompeu o repasse de dinheiro para os estados, visando reduzir os gastos públicos.

As medidas tiveram efeitos: a inflação, depois do choque inicial, vive um período de desaceleração e chegou ao menor patamar de 2022 em julho, os juros começaram a cair e, a notícia mais importante, o país registrou o seu primeiro superávit (quando as receitas do governo são maiores que as despesas) desde 2008 no primeiro trimestre desse ano.

Isso fez com que o Fundo Monetário Internacional (FMI) fechasse um acordo que permite o desembolso de cerca de US$ 800 milhões para os cofres públicos da Argentina, destacando o “primeiro superávit fiscal trimestral em 16 anos, a rápida queda da inflação, a mudança de tendência das reservas internacionais e uma forte redução do risco soberano”.

Especialista destacam, porém, que o superávit é uma consequência direta da redução dos gastos, e não da elevação das receitas obtidas pelo governo — o que pode não ser sustentável no longo prazo.

Para isso, milhares de demissões ocorreram, assim como os salários e aposentadorias tiveram uma queda importante. A consequência é uma intensificação da crise econômica que assola o país e já colocou 41,7% dos 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da pobreza, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).

Essas condições econômicas têm impactado os níveis de consumo da população e até as carnes — que representam uma das maiores tradições argentinas, o churrasco — estão perdendo espaço: o consumo nacional está no mínimo em um século, revelou um relatório da Bolsa de Comércio de Rosario.

A expectativa é que, com o consumo menor, a inflação possa arrefecer cada vez mais, um dos principais compromissos de Milei desde sua campanha eleitoral.

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