Sábado, 26 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de novembro de 2017
A economia do Reino Unido vai crescer menos do que se esperava nos próximos anos, enquanto que o governo terá de elevar seu nível de endividamento para se preparar para a saída da UE (União Europeia), o Brexit. Ao apresentar ao Parlamento o projeto de orçamento do próximo ano, Hammond reconheceu ontem que as projeções do governo mostram que o Brexit já está impondo um custo econômico ao Reino Unido.
Contradizendo o discurso da premiê, Theresa May, sobre um futuro brilhante para a economia britânica, o Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR, na sigla em inglês) cortou de 2% para 1,5% a estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, para refletir a desaceleração provocada pelo peso do Brexit. Para 2018, a expectativa de crescimento caiu para 1,4%. Em março de 2016, meses antes do plebiscito sobre a saída da UE, o OBR previa uma expansão de 2,2% este ano e de 2,1% em 2018.
O mais recente relatório do órgão aponta que o Reino Unido poderá crescer a uma taxa sustentável de apenas 1,5%, ou 40% menos do que estimava há dois anos. Para 2021, a estimativa de expansão da economia foi reduzida para 1,6%, de 2,1% projetados em março. As previsões pessimistas refletem a avaliação do OBR sobre as perspectivas para o crescimento da produtividade nos próximos anos.
“O persistente fraco crescimento da produtividade não é um bom sinal para o potencial de crescimento do Reino Unido nos próximos anos”, aponta o relatório. Com o Brexit no horizonte, o OBR diz que não vê nenhum ganho na produtividade por hora este ano.
Além disso, reduziu sua projeção de crescimento médio em cinco anos até 2021 à metade, para 0,9%. Mas o órgão prevê que o Reino Unido terá de tomar menos dinheiro emprestado este ano e no próximo, enquanto que nos anos seguintes o nível de endividamento irá subir em consequência da desaceleração na economia.
O órgão projeta um déficit orçamentário de 1,3% do PIB no ano fiscal 2021/22, quase o dobro do estimado anteriormente. As novas projeções contrariam um dos argumentos usados na campanha pelo Brexit, de que a saída tornaria a economia britânica mais forte sem os repasses que o país tem de fazer à Bruxelas. Nos primeiros meses após o plebiscito, houve uma aceleração no crescimento, impulsionado principalmente pela forte desvalorização da libra como consequência do Brexit.
Contudo, passado o efeito da depreciação cambial, a economia começa a sentir as consequências negativas da saída do bloco econômico. Após vários meses de negociações difíceis, os líderes europeus esperam alcançar pelo menos um acordo sobre os pontos principais do divórcio com o Reino Unido e lançar a nova fase do Brexit na cúpula que está marcada para 14 e 15 de dezembro.