Quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de agosto de 2024
Edmundo González, opositor a Nicolás Maduro, se autoproclamou o novo presidente da Venezuela nesta segunda-feira (5). A oposição, liderada por González e por María Corina Machado, contesta o resultado da eleição desde o dia da votação, em 28 de julho.
“Nós vencemos esta eleição sem qualquer discussão. Foi uma avalanche eleitoral, cheia de energia e com uma organização cidadã admirável, pacífica, democrática e com resultados irreversíveis. Agora, cabe a todos nós fazer respeitar a voz do povo. Procede-se, de imediato, à proclamação de Edmundo González Urrutia como presidente eleito da República”, disse comunicado assinado por González e por María Corina Machado, líderes da oposição.
A autoproclamação de González tem caráter simbólico, porque segundo a legislação venezuelana quem tem poder legal de proclamar um novo presidente é o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), autoridade eleitoral do país. Maduro foi proclamado vencedor da eleição pelo CNE venezuelano na semana passada com 51,95% dos votos, enquanto González, recebeu 43,18%, com 96,87% das urnas apuradas, segundo números atualizados na última sexta (2). O presidente da autoridade eleitoral é um aliado do presidente.
A oposição e a comunidade internacional contestam os números divulgados pelo Conselho e pedem a divulgação integral das atas eleitorais. Diversos países do mundo, observadores internacionais da eleição, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia não reconhecem o resultado e pedem a divulgação das atas eleitorais. O Centro Carter, ONG que observa democracias e eleições pelo mundo, disse que a eleição “não pode ser considerada democrática”.
A autoproclamação ocorre após alguns países do mundo, liderados pelos Estados Unidos, considerarem Edmundo González vencedor da eleição. Uma contagem paralela de votos realizada pela oposição diz que González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% do presidente.
Até o momento, Maduro não comprovou sua vitória na disputa. O presidente chamou seus opositores de terroristas e disse que eles “têm que estar atrás das grades”. A Suprema Corte da Venezuela, também alinhada a Maduro, realizou na última sexta (2) uma auditoria do resultado da eleição, a pedido do presidente. Na sessão, os candidatos assinaram um documento em que aceitam os números divulgados pelo CNE.
No comunicado, González e Corina Machado dizem que “Maduro se recusa a reconhecer que foi derrotado” e pediram para que os militares venezuelanos que se coloquem “ao lado do povo” e que impeçam um golpe de Estado que Maduro estaria executando.
“Nós os pedimos que impeçam o desvario do regime contra o povo e a respeitar, e a fazer respeitar, os resultados das eleições de 28 de julho. Maduro deu um golpe de Estado que contraria toda a ordem constitucional e quer torná-los cúmplices disso. (…) Membros das Forças Armadas e dos corpos policiais, cumpram seus deveres institucionais, não reprimam o povo, acompanhem-no”, disse o comunicado.
Ao argumentar que são um governo legítimo eleito pelo povo, o pedido da oposição seria uma nova tentativa de persuadir as Forças Armadas a ficarem do seu lado. O Ministério da Defesa havia dito na semana passada que o Exército está com Maduro.