A bancada do PL, partido de Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, silenciou diante da condenação, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do ex-presidente e de seu vice na chapa à reeleição, Walter Braga Netto, por uso político das comemorações do Bicentenário da Independência em 2022. Após a decisão da Corte, apenas cinco dos 98 deputados federais haviam se manifestado sobre o tema.
Um dos que se posicionou foi o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do ex-presidente, que criticou o “oportunismo” de algumas personalidades da direita.
“Durante o governo Bolsonaro muitos, que hoje esbravejam, estiveram calados ou faziam ‘críticas construtivas’. Diante do atual cenário dão uma de leão, mas no fundo não passam de oportunistas”, escreveu na rede social X (antigo Twitter).
Além de Eduardo, Cabo Gilberto Silva (PB), Carlos Jordy (RJ), José Medeiros (MT) e Zé Trovão (SC) fizeram publicações em defesa de Bolsonaro. Líder da oposição na Câmara, Jordy caracterizou a condenação como “perseguição”.
Já Zé Trovão afirmou que as decisões recentes do TSE, dão “certeza” de que “ideais e lições” propagados por Bolsonaro “continuam se espalhando e mostrando ao povo o caminho a ser tomado”.
Desde que a Corte Eleitoral determinou que a chapa do ex-presidente fosse condenada por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação, outras pautas têm mobilizado o debate da base de Bolsonaro. Entre elas, a aprovação do projeto que aumentou a pena dos crimes de furto, roubo e latrocínio.
Nas redes sociais, os deputados comemoram a vitória “contra a esquerda” e expõem parlamentares de partidos como o PT e PSOL que se colocaram contra a medida. Nomes que normalmente se engajam na defesa do ex-presidente, como Júlia Zanatta (SC) e Nikolas Ferreira (MG), fizeram publicações nessa toada.
Outro tema que tem gerado reações é o anúncio do Ministério da Saúde de que a vacina da Covid-19 será incluída no Programa Nacional de Imunização (PNI), tornando-a obrigatória para crianças entre 6 meses e cinco anos. Os conservadores repudiaram a medida.
Em outro movimento, parlamentares da base bolsonarista enviaram uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a Procuradoria Geral da República (PGR) investigue o deputado federal André Janones (Avante-MG) por ter “afirmado” que promoveu mentiras durante a campanha eleitoral do ano passado, com o intuito de “desestabilizar” Bolsonaro, então candidato à reeleição. A manifestação entregue ao ministro Luís Roberto Barroso foi assinada por 41 deputados.
A declaração de Janones está no livro “Janonismo cultural: o uso das redes sociais e a batalha pela democracia no Brasil”, que será lançado no próximo dia 20. Entre os episódios nos quais reconhece que compartilhou conteúdo falso, o parlamentar cita as menções a um celular do ex-ministro Gustavo Bebianno, morto em março de 2020, e a fake news de que Fernando Collor ganharia um lugar na Esplanada em caso de vitória bolsonarista.
A notícia-crime diz que Janones praticou o crime previsto no Código Eleitoral “ao divulgar, nas redes sociais, notícias sabidamente falsas, de forma a exercer influência sobre o eleitorado”.