O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse no sábado (08) que ainda não fez as pazes com a também deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), após ser questionado sobre a briga por Whatsapp noticiada nesta semana pelo jornal O Globo. “Não [fizemos as pazes]. Mas daqui a pouco a gente faz.”
“Discussões internas são sempre saudáveis. Vamos combinar: qual partido que pensa 100% igual? Não existe. O que ocorreu ali foi o vazamento de um grupo de WhatsApp, onde a gente estava lavando a roupa suja”, acrescentou Bolsonaro, durante entrevista coletiva na Cúpula Conservadora das Américas, evento organizado pelo próprio deputado em Foz do Iguaçu (PR).
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, também participou do evento em teleconferência, e comentou sua vitória nas eleições presidenciais. “Em razão da minha campanha, aqui no Brasil, a parte esclarecida da população está para o lado que devemos mudar o Brasil. Se der qualquer candidato que tenha chance de se eleger, a não ser eu, nós sim chegaríamos a situação semelhante a que se encontra a Venezuela num curtíssimo espaço de tempo.”
Risco à governabilidade após briga
Além de Joice Hasselmann e Eduardo Bolsonaro, a discussão no grupo de WhatsApp incluiu ainda o senador eleito Major Olímpio (SP). O “racha” na bancada do PSL gerou um alerta na equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com temores sobre o controle sobre o comando das duas Casas do Congresso, a Câmara e o Senado, já no início do governo.
Neste sábado, Eduardo Bolsonaro negou que o episódio vá “prejudicar a governabilidade do Jair Bolsonaro”, e afirmou que “isso daqui a pouquinho vai ser assunto ultrapassado e bola para a frente”.
“As articulações, elas sempre ocorrem. Quem não está articulando está ficando para trás. Cada um faz de uma maneira. Uns fazem por pressão pública, outros fazem nos bastidores, mas certamente o PSL está atento a isso”, disse Bolsonaro.
“O problema é que a Joice, por vezes, por estar se adaptando ao ambiente político, ela está com muita vontade, querendo, e acaba conflitando com esse procedimento que a gente conhece na política de quem faz articulação, quem é que trata das matérias, para às vezes não parecer que tem uma dupla liderança.”
“Ninguém sabe”
Também durante a coletiva, Eduardo Bolsonaro respondeu a perguntas sobre o caso do ex-assessor de seu irmão Flávio Bolsonaro, senador eleito, citado em um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) por movimentações financeiras suspeitas, de mais de R$ 1,2 milhão.
Eduardo disse que não falou com o irmão sobre o assunto e “ninguém sabe o que ocorreu ali, nem o Coaf sabe”. Para ele, a movimentação precisa ser investigada e é preciso trabalhar para não permitir interferências nessas investigações.
O deputado também afirmou que está atuando em São Paulo e Brasília, além de ter feito viagens internacionais, e que Flávio está mais no Rio de Janeiro. Por isso os dois não estão tão próximos e ainda não discutiram o assunto. O relatório do Coaf faz parte da operação Furna da Onça, desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro que prendeu dez deputados estaduais.
Conforme o relatório, foram consideradas suspeitas movimentações de mais de R$ 1,23 milhão, entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017. O documento registra que Fabrício Queiroz era motorista de Flávio Bolsonaro e ganhava R$ 23 mil mensais. O documento também apontou que sete servidores que trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro, na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), fizeram transferências bancárias para uma conta de Queiroz.