O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se tornou secretário de Relação Internacional e Institucional do Partido Liberal (PL), oficializando uma função que já vinha exercendo há bastante tempo: a de chanceler da direita.
O filho Zero Três do ex-presidente Jair Bolsonaro pretende rodar o País, implementar projetos de formação de lideranças no partido e investir na produção de documentários para, segundo ele, entrar na chamada “guerra cultural”. O termo é usado por conservadores para denominar a disputa ideológica de valores, crenças e costumes.
Além disso, o deputado articula a criação da “Aliança pela Liberdade”, um grupo com partidos de extrema-direita de países europeus, cujo objetivo é organizar e alinhar as pautas desse espectro político. A aproximação com o novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos, porém, é uma das prioridades.
Leia os principais trechos da entrevista que Eduardo Bolsonaro concedeu à revista Veja:
1. Qual será sua prioridade como secretário de Relações Internacionais do PL? Como será o trabalho na prática?
Vou ter um papel em difundir as ideias partidárias. Eu pretendo fazer um evento mensal, rodando o país inteiro, alguns projetos na parte de formação de lideranças, outros que estão sendo discutidos. Eu tenho que ver juridicamente a possibilidade da confecção até de documentários. Isso vai servir para a gente entrar na guerra cultural. Eu fico feliz que o presidente Valdemar da Costa Neto está me dando essa oportunidade. Isso mostra que o PL não está preocupado só com o período eleitoral, mas também com a formação de bases, a doutrinação de seus filiados, o esclarecimento de pautas para que quando um parlamentar chegue na Câmara, na Assembleia, ele já tenha domínio das matérias e esteja preparado para o embate.
É por aí que vai ser a pegada desse meu trabalho. E com muita conexão internacional, com muita possibilidade de viajar ao exterior, aprender com os erros e os acertos dos nossos aliados, saber quais são as pautas que eles defendem e construir um projeto de país. A gente já passou daquela fase de saber o que a gente não quer, eu não quero desarmamento, eu não quero ideologia de gênero. Mas o que eu quero quando se fala de energia, de educação? O senador Rogério Marinho, que é secretário-geral do PL, tem trabalhado também nesse projeto, para que a gente tenha definido dentro do PL o que é ser conservador, o que o nosso partido político quer nessa arena política.
Quais as perspectivas para o Brasil com um novo governo de Trump ?
O Lula não deve ficar mais tão tranquilo falando no fim do padrão dólar para o comércio internacional. Acredito que ele vai conter seu discurso, não vai ficar mais tão confortável. De maneira hipócrita, o Lula desejou boa sorte ao Trump, embora saibamos que ele continua achando o presidente americano nazista e fascista. Na cabeça deles, todo mundo que não concorda com a esquerda é o demônio. Isso é o que gera a polarização na nossa sociedade, lamentavelmente. Eu quero crer que o desgoverno Lula vai colocar a mão na cabeça, pensar no brasileiro e agir de maneira pragmática, e não ideológica, como tem sido feito.
A vitória do Trump consolidou de vez uma onda forte da direita no mundo. Na sua opinião, por que o eleitorado está se voltando para a direita?
As minorias não estão mais se identificando com as pautas da esquerda. Trump acertou o discurso com relação à economia e geopolítica mundial, mas a esquerda também errou ao dar muita ênfase à agenda woke. As pautas de Deus, pátria, família e liberdade representam a maioria dos brasileiros. Se nós tivermos liberdade de expressão e eleições íntegras, ninguém segura. E a esquerda sabe disso. Acreditamos que o Trump também terá uma política forte na questão da transparência eleitoral, da integridade das eleições.
Acredita numa possível influência de Trump na pressão pela retomada dos direitos políticos de seu pai?
Eu nunca tive qualquer tipo de conversa com relação a essa questão de elegibilidade de Bolsonaro com quem quer que seja nos Estados Unidos. O que nós buscamos no Brasil não é nenhum privilégio, nós buscamos resgatar os direitos políticos que foram injustamente caçados por poucas figuras do judiciário. Esse tem sido o modus operandi vexaminoso dentro da Suprema Corte. Não são todos, estou falando especificamente de um juiz que se chama Alexandre de Moraes, que conduziu as eleições de 2022.