O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) desembarcou na última segunda-feira (10) em Washington D.C. para uma rodada de reuniões com parlamentares do Partido Republicano, legenda do presidente Donald Trump. O objetivo é obter informações sobre os financiamentos realizados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid) no Brasil, bem como de outras entidades de investimentos estrangeiros sediadas em solo americano.
O périplo pelos EUA faz parte de uma estratégia para criar um ambiente favorável para um projeto que anistie os golpistas envolvidos nos ataques do 8 de janeiro.
A proposta, que poderia abrir uma brecha para perdoar Jair Bolsonaro caso ele seja condenado, é a principal bandeira do bolsonarismo atualmente e tem prioridade absoluta em relação a outras propostas, como a revisão da Lei da Ficha Limpa.
Desde que Trump elegeu a USAid como um de seus principais alvos no governo americano, Eduardo e outros bolsonaristas têm alimentado nas redes sociais e em canais da direita a tese de que a agência teria interferido na eleição presidencial brasileira de 2022 durante o governo Joe Biden com repasse de dinheiro para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pretexto de combater a desinformação e as fake news, quando a Corte era presidida por Alexandre de Moraes.
O filho 03 de Bolsonaro é cotado para presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, cargo que já ocupou entre 2019 e 2021. Como mostrou o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o PT se movimenta para assumir o colegiado e impedir que o cargo seja usado para disseminar a agenda trumpista no Brasil.
Na capital americana, Eduardo deve se encontrar com os deputados republicanos Chris Smith (Nova Jersey), María Elvira Salazar (Flórida) e Rich McCormick (Geórgia), além dos senadores Rick Scott (Flórida) e Mike Lee (Utah), também aliados de Trump, em buscas de informações sobre aportes da USAid e outras agências dos EUA em programas no Brasil, especialmente na seara eleitoral.
Smith e María Elvira protocolaram em outubro passado, antes da eleição de Trump contra a então vice-presidente Kamala Harris, um projeto de lei que pretende restringir a cooperação financeira e judicial entre órgãos americanos e instituições do Brasil e barrar o financiamento a entidades voltadas para o combate à desinformação que venham a assessorar a Justiça Eleitoral brasileira.
Um dos exemplos da suposta interferência citados no projeto de lei dos republicanos é a participação do TSE em um estudo internacional contra as fake news financiado por um programa da USAid, além de um intercâmbio entre o tribunal e ONGs de combate à desinformação financiadas pela agência.
O texto proíbe que os EUA acatem a solicitação de “entidades estrangeiras” por cooperação em medidas judiciais — caso o procurador-geral, equivalente ao ministro da Justiça no Brasil, constate que o pedido “causará, facilitará ou promoverá a censura” ao direito à liberdade de expressão previsto na primeira emenda da Constituição americana. A medida alcança solicitações que mirem plataformas digitais sediadas no país, como é o caso da rede social X.
Além deles, McCormick e Scott também já se posicionaram a favor de causas bolsonaristas no Congresso dos EUA e são autores de um projeto de lei que suspenderia os vistos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pela decisão de suspender o X no Brasil, bem como a política de remoção de conteúdos em inquéritos sigilosos como o das fake news e o da trama golpista. As informações são do jornal O Globo.