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Colunistas Educação Ambiental

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Costumo dizer que a questão ambiental no Brasil e em outros países também, é um problema cultural, já está no sangue das pessoas não serem corretas. Separar o lixo, escolher a lixeira, escolher o dia da coleta seletiva, levantarmos do banco para descartarmos nosso resíduo em uma lixeira que as vezes está a poucos metros, são atividades que muitas vezes nos defendemos pelo IPTU que pagamos: é Problema da prefeitura. O que não nos ligamos é que realmente estamos pagando por isto, mas pagando caro, o nosso descaso é pago pela prefeitura, com valores que poderiam ser investidos em Educação, Saúde e segurança, ou seja, estamos tirando de nós mesmos. As prefeituras pagam para limpar, pagam para recolher, pagam para separar, pagam para transportar e pagam para enfim colocar nosso lixo dentro de um buraco e ficar por lá por centenas de anos. O Simples fato de procurarmos algum programa de reciclagem e termos uma composteira em casa, reduz o nosso lixo diário, que é de quase 1,5 kg por pessoa, em 85%. Imaginem quanto poderíamos fazer pela cidade com este valor.

Mas como disse, temos um problema cultural, está enraizado, e como mudamos uma cultura? Pela multa ou pelo incentivo. Apreendemos a usar cinto de segurança, porque começamos a ser multados. Quando vemos alguns números de países desenvolvidos em termos de reciclagem, vemos que há uma multa alta para o descarte incorreto ou há um incentivo, como por exemplo como as máquinas dos mercados alemães, que devolve o valor que você pagou pela garrafa no momento da compra em forma de vale. O Brasil engatinha ainda neste processo, algumas ações pontuais, mas nada efetivo. O PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólidos), não sai do papel. Menos da metade das cidades Brasileiras, possui algum processo de coleta seletiva. Não há incentivos à reciclagem. Enfim, estamos longe de mudarmos nossa realidade que hoje é de algo em torno de 4%, ou seja, hoje reciclamos apenas 4% do que produzimos, no caso do plástico, ainda é pior, somos o 4º maior produtor de plástico do mundo e reciclamos pouco mais de 1% do que produzimos. A culpa é do plástico? Não, hoje tudo é descartável em um hospital, por causa do plástico, um carro é mais leve por causa do plástico, nossa vida é rodeada de facilidades, que hoje não conseguimos viver sem, por causa do plástico. Onde está o erro? Novamente na nossa cultura de dizer que o problema não é meu.

Gosto de contar uma história quando palestro para crianças: Pergunto a elas: Onde nasce um copinho plástico ? Ou com é a vida de um copinho? Você também não deve saber, mas o plástico no Brasil é fabricado a base de nafta, uma parte do petróleo, como nosso petróleo é pesado, precisamos importar, então, a vida do nosso copinho, começa lá pela Rússia ou Oriente médio e em uma poço de extração de Petróleo. Pensando aqui pelo Polo do RS, esta nafta depois de extraída, é armazenada, depois bombeada até um navio, que leva de 15 a 20 dias para atracar em Tramandaí. Atracado a nafta é bombeada por dutos submersos até uma tancagem em Osório, depois Bombeada até a Refap em Esteio, e por fim Bombeada até a Unidade de Primeira Geração no Polo Petroquímico de Triunfo. Depois de armazenada, ela passa por um processo de craqueamento, simplificando, um processo de aquecimento de onde são extraídos alguns gases, que serão enviados por dutos para as unidades de segunda geração, ali mesmo no Polo. Estes gases Passam por um processo de polimerização, viram pó, depois uma pasta e por fim a peletização (bolinhas de plástico que vemos nas empresas de industrialização deste produto). Depois de armazenada, são enviadas para os fabricantes de copos, que aqui em sua maioria ficam em SC. Mais um transporte rodoviário até lá. Lá passam por um processo de industrialização que os transforma efetivamente em Copos. Estes copos são armazenados e depois enviados para alguma empresa de distribuição e são comercializados com mercados ou comércios específicos. Depois disto, são dispostos ao lado de garrafas de água ou de café e ali ficam a nossa disposição. Aí podemos calcular: um copo de água, levamos talvez 5 segundos para depois descartarmos. O que costumo dizer para as crianças é que é muito pouco, para um processo tão longo, que envolveu tantas pessoas, tantos processos e nós, em 5 segundos finalizarmos ele, quando não descartamos no meio da rua.

Porque dei o título de Educação Ambiental a este artigo? Porque só acredito, na mudança efetiva, a partir das crianças. Nos últimos 5 anos, falei com mais de 5 mil crianças. Em cada uma delas tentei plantar uma semente. Depois de mostrar um pouco dos problemas no mundo, no nosso país e na região, peço para que cobrem dos seus pais, porque eles assim como eu não fomos preparados para destinar corretamente nossos resíduos. Levamos tempo demais para identificar os problemas do descarte incorreto.

Hoje, se estivéssemos realmente preocupados com nosso futuro, Educação Ambiental tinha que ser cadeira obrigatória nas escolas. Ações pontuais ajudam, mas não são a solução. Precisamos de uma geração mais preocupada com os problemas do nosso planeta. Uma geração mais preocupada com o seu futuro.

Para nós adultos, fica a pergunta: Que futuro estamos deixando para nossos filhos?

João Batista Garcia Dias (Presidente da Aci, Montenegro/Pareci Novo – Diretor da Montepel inteligência Ambiental – Diretor da Federasul – Convidado especial Divisão Jovem Federasul)

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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