Um estudo publicado na revista científica Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (Jornal de Endocrinologia Clínica e Metabolismo) observou que o efeito sanfona – quando uma pessoa emagrece rapidamente, mas volta a ganhar peso logo depois – aumenta o risco para diabetes e doenças cardiovasculares. O trabalho foi realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul.
A análise foi feita durante um período de 16 anos com 3.678 participantes. Os participantes com alta variabilidade de peso corporal – que perderam e ganharam mais peso – apresentaram maior pressão arterial e glicemia de jejum do que os que tiveram pouca variação de peso.
“Neste estudo, os pesquisadores compararam pessoas que fizeram tratamento para emagrecer e mantiveram o peso com pessoas que acabaram engordando novamente e perceberam que quem sofreu do efeito sanfona teve mais chance de desenvolver a resistência à insulina e maior risco cardiovascular”, diz o endocrinologista e cardiologista Guilherme Renke.
A hipótese do estudo é que, ao emagrecer, o paciente perde muita massa magra (músculos) junto com a gordura, mas ao engordar, o ganho é apenas de massa gorda, o que prejudica o funcionamento do corpo.
“O efeito sanfona faz com que a pessoa tenha cada vez mais tecido adiposo. Isto deixa o organismo pior do ponto de vista metabólico”, alerta Rodrigo Moreira, presidente da Sociedade Brasileia de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Dietas sem orientação são o problema
De acordo com a Sociedade Americana de Endocrinologia, cerca de 80% das pessoas que perdem peso o recuperam gradualmente. O endocrinologista Rodrigo Moreira vê nas dietas sem orientação profissional a principal causa do efeito sanfona.
“Esta variação rápida de peso se dá, na maioria das vezes, por causa destas dietas malucas da moda que prometem perdas de peso muito significativas. A pessoa faz esta restrição alimentar por um curto período de tempo, depois para, e ganha todo o peso que perdeu. Temos que ter muito cuidado com isso.”
Emagrecer e manter orientação profissional
É preciso estar acompanhado por uma equipe multidisciplinar composta de, pelo menos, endocrinologista, nutricionista, profissional de educação física e psicólogo para tratar a obesidade
Equilibrar a alimentação
A reeducação alimentar deverá ser realizada progressivamente para que o corpo de adapte à nova rotina. A dieta deve priorizar os alimentos in natura e evitar, ao máximo, produtos multiprocessados como os enlatados
Atividade física
É preciso praticar atividades físicas pelo menos 30 minutos de atividade física por dia ou 150 minutos por semana. A recomendação é que se escolha um tipo de atividade que gere prazer ao praticante, para que a motivação seja contínua
Acompanhar a perda
É preciso acompanhar com um endocrinologista as perdas de peso, para observar se o sistema hormonal está sofrendo mudanças com a eliminação das gorduras
Tratar transtornos
Algumas pessoas que apresentam dificuldade para manter o peso enfrentam também transtornos alimentares. Por isso, é importante procurar ajuda psicológica para tratar este problema